Já se sabe, há algum tempo, que se fosse possível observar por dentro o cérebro de um doente com Alzheimer, veríamos determinadas proteínas acumuladas numa espécie de novelo agarrado aos neurónios. O que dá origem às chamadas placas senis que com o tempo levam à manifestação desta doença com perdas de memória, ao ponto de alguns doentes deixarem de reconhecer os que lhes são mais próximos.
O que investigador e médico Tiago Gil Oliveira veio descobrir, é as diferentes regiões do cérebro são afetadas de forma também diferente pelas proteínas associadas à demência.
A qualidade dos lípidos, que são muito abundantes, no cérebro podem contribuir para a doença com Alzheimer. Ainda não há forma em vida de diagnosticar uma demência com 100% de certeza no diagnóstico. Tiago Gil Oliveira baseou a investigação em avaliações após a morte.
Outras doenças podem afetar eficácia dos medicamentos
A investigação mostrou também que a forma como a doença de Alzheimer se manifesta no cérebro difere muito se o doente tiver outras patologias como, por exemplo, a doença de Parkinson.
Todo este conhecimento poderá ajudar os médicos a escolher de forma mais rigorosa e saber, por exemplo, quem são os doentes que podem beneficiar com os medicamentos inovadores que estão a parecer no mercado.
Tiago Gil Oliveira lamenta que em Portugal seja difícil acumular a função de médico com a de investigador. Os mistérios do cérebro que desvendou valeram o primeiro primeiro prémio deste ano da Fundação Bial que se traduz num apoio de 100 mil euros para continuar a investigar.