Cientistas no Reino Unido identificaram bactérias na urina que estão associadas a um cancro da próstata agressivo. A descoberta pode vir a ajudar a desenvolver novas formas de detetar e até prevenir estes tumores perigosos e mortais.
A equipa da Universidade de East Anglia realizou análises genéticas à urina e ao tecido da próstata de mais de 600 homens com e sem cancro da próstata e encontraram cinco espécies de bactérias ligadas à rápida progressão da doença – três já conhecidas e duas novas.
Os homens que tinham uma ou mais espécies das bactérias na urina, na próstata ou em tecido tumoral tinham 2,6 vezes mais probabilidade de ver o cancro em estágio inicial progredir para doença avançada do que os homens que não tinham, descrevem os cientistas num artigo publicado na revista European Urology Oncology.
Ainda é cedo para afirmar que as bactérias causam cancro
É muito cedo para dizer se a bactéria pode causar cancro, ou se é apenas um marcador útil para a sua deteção, sublinham os investigadores.
“Esta é uma descoberta excitante que tem o potencial de verdadeiramente revolucionar o tratamento para os homens”, disse ao The Guardian Hayley Luxton, do Prostate Cancer UK, que cofinanciou a pesquisa.
Os cientistas vão agora prosseguir as investigações para ver se, eliminando a infeção com antibióticos, os tumores não se desenvolvem.
A infeção bacteriana é conhecida por desempenhar um papel no desenvolvimento de outros tipos de cancro – por exemplo, um micróbio chamado Helicobacter pylori pode desencadear cancro do estômago e a toma de antibióticos pode eliminar esse risco.
“Se tivermos a certeza que uma espécie de bactéria causa cancro da próstata, podemos fabricar um antibiótico para a eliminar o que, esperamos, impedirá a progressão da doença”, explicou Colin Cooper, autor principal da investigação e professor de genética do cancro na Universidade de East Anglia..
Mas infelizmente não é tão simples quanto parece, adverte.
“Há muitas complicações. Os antibióticos não penetram muito bem na próstata e seria preciso escolher um antibiótico que matasse apenas certas bactérias”.
Descobertas duas novas bactérias
Nesta investigação os cientistas detetaram cinco espécies de bactérias, todas tipos de bactérias que podem crescer sem oxigénio. Três já eram conhecidas mas duas nunca tinham sido encontradas até agora.
As duas das novas espécies de bactérias foram nomeadas em homenagem a dois dos financiadores do estudo – Porphyromonas bobii, em homenagem ao The Bob Champion Cancer Trust e Varibaculum próstatacancerukia, em homenagem ao Prostate Cancer UK.
SAIBA MAIS:
- Descoberta proteína que prevê eficácia da quimioterapia em doentes com cancro da mama
- Desenvolvido dispositivo que deteta “em poucos minutos” subtipo de cancro da mama
- Diagnóstico precoce de doentes com cancro voltou em 2021 aos níveis pré-pandemia
- Portugal e Espanha têm “fatores de risco comuns” sobre principais cancros