Nuno Fontinha foi internado num hospital alemão e depois transferido para Portugal mas nunca mais recuperou. Acabou por morrer de pneumonia meses depois nos braços do filho mais novo.
A mulher, Noémia Fontinha, suportou todas as despesas com o julgamento. Viagens e estadia sua, do advogado e de testemunhas, de Vila Real para Leipzig. Várias vezes. Para isso, contou com o apoio de amigos.
O Tribunal de Leipzig condenou Andreas Schulz a quatro anos de prisão. Os restantes sete do grupo tiveram entre um ano e quatro meses até 90 horas de trabalho comunitário. Na maior parte dos casos, as penas ficaram suspensas.
Com o caso concluído, todos pensaram que as indemnizações também estavam resolvidas e os amigos pediram o dinheiro emprestado de volta. Só que nem todas as indemnizações foram pagas.
Hoje, Noémia Fontinha vive só, na Suíça, esmagada pelos problemas financeiros do presente, como se o pesadelo do passado não bastasse. O Perdidos e Achados desta semana reencontrou-a para tentar perceber porque é que a justiça ainda não foi feita.
Jornalista: Fernando de Sousa
Imagem: David Gladst; Stephan Ugeux; Spencer Rasson; Sérgio Pinheiro; Miguel Leite
Edição: João Nunes
Produção: Madalena Durão; Diana Matias
Coordenação: Sofia Pinto Coelho
Direcção: Alcides Vieira
Justiça por cumprir
No dia 4 de Julho de 1998, a selecção da Alemanha disse adeus ao Mundial de futebol depois da derrota contra a Croácia. Nesse dia, a fúria saiu à rua. Nuno Fontinha, de 49 anos, operário da construção civil, teve o azar de estar no local errado no momento errado. Foi atacado por um grupo de skinheads, com botas de biqueira metálica, cadeados e cremalheiras.