“Sei que, com a minha atitude, dou ânimo a algumas pessoas”

Tem um sorriso luminoso. É o que mais sobressai quando se aproxima para se apresentar.
É a luz do seu sorriso que espanta o medo e o peso que carrega há três anos, desde que recebeu um diagnóstico de cancro no ovário.
“Quando médico me disse que tinha cancro, parece que o chão se abriu aos meus pés. Pensei imediatamente: ‘vou morrer’. Foi horrível”, conta.
Maria José Almeida, 58 anos, natural de Cabo Verde, vive na Martinica, onde residem também os seus quatro filhos e onde é proprietária de uma loja que comercializa bebidas regionais.
Até 2017, era uma mulher saudável e despreocupada. Mas nesse ano, a doença chegou sem aviso. Um cansaço extremo e dificuldades respiratórias revelaram-se numa embolia pulmonar. Foi o primeiro sinal. Começou a rotina das idas aos médicos e da realização de exames. Maria José ficou num regime de hospitalização domiciliária, como acontece com frequência na Martinica, devido à sobrelotação dos hospitais. As pesquisas acabaram por revelar um tumor maligno no ovário direito.
O medo do desconhecido, o medo do sofrimento e da morte assaltaram-na. Depois do choque, veio a angústia, muitas dúvidas, tantas incertezas.
Maria José decidiu partilhar a notícia da sua doença com a família e os amigos. “Foi o melhor que fiz, porque isso me ajudou muito”, conta. “Recebi muito apoio, muito carinho, muito amor, muito ânimo.”
Ao decidir não esconder a doença, descobriu ainda que se tornava um exemplo para muitas pessoas com quem convivia e que desconhecia que também sofriam de cancro. “Sei que, com a minha atitude, dou ânimo a algumas pessoas.”
Tem ainda um poderoso trunfo: a sua fé. “É sempre ao Criador que me dirijo primeiro, é sempre a quem recorro e isso dá-me muita força.”
Após o impacto da notícia e do tratamento da embolia, era preciso agir contra o cancro. E depressa.
Depois de ouvir a opinião de um médico francês que visitava a Martinica, Maria José decidiu fazer tratamento em França. Primeiro, fez uma cirurgia para remover o tumor. Seguiram-se 12 sessões de quimioterapia. O cabelo caiu-lhe. Mas a esperança voltou.
O seu estado de saúde estabilizou e Maria José retomou as suas rotinas familiares e profissionais, habituais.
A palavra de ordem, agora, é: vigilância. Por isso, de três em três meses, voa da Martinica para França para fazer novos exames e avaliar a evolução. Feitas consultas e análises, regressa a casa. E assim fará até passarem cinco anos.
“Mudei a minha vida”, diz, explicando que agora valoriza muito mais “o tempo e as pequenas coisas, a amizade e a beleza da natureza.”
“Tudo vai correr bem”, confia, com o seu sorriso luminoso.
31 janeiro 2020
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