“Sem a fotografia, os dias poderiam ter sido muito piores”

Tinha apenas 34 anos quando descobriu um caroço na mama esquerda. O médico de família encaminhou-a para uma consulta da especialidade onde fez vários tipos de exames, entre os quais, uma biópsia. O resultado foi “um susto, um balde de água fria. Era maligno!”
Como dar uma notícia destas aos seus pais? Faltava-lhe coragem. Pediu à irmã mais velha – seu grande apoio – que o fizesse. Depois havia que falar com o filho, então apenas com seis anos. Mas isso ela fez. “Falei abertamente com ele, expliquei-lhe tudo. E ele, no fundo, encarou a situação de forma muito mais simples do que os adultos.” Da parte da escola que o filho frequentava, também veio uma boa ajuda. “Reservaram um dia para explicar aos miúdos o que me estava a acontecer e para responder às suas dúvidas.”
Ana Ventura teve de fazer quimioterapia antes de uma cirurgia, no Hospital de Santa Maria, em que lhe extraíram as duas mamas e, no mesmo momento, fizeram a sua reconstrução. “Fui muito bem tratada, foi uma boa experiência”, diz. “Acordei da operação já com as próteses, não se notava absolutamente nada.”
Acordei da operação já com as próteses, não se notava absolutamente nada.”
Mas o mais duro de todo o processo, a altura em que se sentiu pior, foi quando o cabelo começou a cair e teve de o cortar pela primeira vez. “Foi o mais complicado. Pedi à minha mãe para mo rapar e aí ficou tudo a chorar. Eu, ela, o meu pai…”, conta, emocionada.
“Sem a ajuda e o carinho da família e dos amigos” e sem a fotografia, “os dias poderiam ter sido bem piores”, reconhece. A paixão pela fotografia faz parte da sua vida e foi a ela que se agarrou quando recebeu a notícia de que tinha um cancro. “Muitas vezes, foi ir sem destino, só eu e a minha câmara, que me ajudou quando estava menos bem”, conta Ana Ventura.
Seguiram-se cinco anos de um tratamento hormonal. No fim, Ana estava tão feliz que organizou uma grande festa para celebrar.
Três anos depois, porém, em 2015, o susto e a angústia voltaram ao descobrir três quistos na área da mama esquerda. “Eram malignos e uma vez mais foi um balde de água fria”, conta.
Nunca me deixei ir abaixo, sempre fiz a minha vida normal”
Ana foi de novo operada. Fez quimioterapia e radioterapia. E continua em vigilância, todos os meses, para controlar o surgimento de umas metástases.
Apesar de todos os pesares, mantém o espírito positivo. Mesmo agora, perante as contrariedades e as incertezas da pandemia (Covid-19). Fecharam a loja onde trabalha e está em casa, em layoff. “Nunca me deixei ir abaixo, sempre fiz a minha vida normal”, afirma, acrescentando: “Tenho mais medo pelos meus, pelos outros, do que por mim."
15 abril 2020
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