Verdade oculta: A fotogaleria em que doentes e sobreviventes de cancro da mama mostram a sua realidade




















Em 2019, Luís Agostinho, fotógrafo de profissão, foi desafiado por Sofia Gaspar - ex-doente oncológica- , funcionária do Museu de Arte Sacra da Covilhã, onde Luís tem por hábito expor alguns dos seus trabalhos, a realizar um trabalho que incidisse sobre pessoas que passaram e venceram o cancro da mama, explorando os estados emocionais e mazelas físicas sofridas por este grupo da população.
"Achei a ideia magnifica e de pronto a abracei. Foi a Sofia que me transmitiu os passos dados até à cura, as emoções e as lutas. Com esses dados, tentei procurar momentos que retratassem esses percursos. Pela mão da Sofia, vieram outras pessoas que passaram pelo mesmo, e íamos tendo conversas ao longo das sessões para que eu me pudesse inteirar dos estados e alma e, assim, os poder retratar da forma mais verdadeira", explica Luís Agostinho. O fotógrafo procurou ambientes propícios, onde também pudesse trabalhar a luz.
As cinco quiseram dar a conhecer a muitas outras que é possível vencer, tal como é possível renascer"
Paula, Conceição, Isabel, Bela e Sofia são as protagonistas da fotogaleria criada por Luís Agostinho, intitulada Verdade Oculta-A grande Batalha. Em comum, têm a doença que as atingiu e a cidade onde vivem, a Covilhã. São mulheres, mães e esposas, que fizeram frente à doença. "As cinco quiseram dar a conhecer a muitas outras que é possível vencer, tal como é possível renascer", conta o fotógrafo.
Como principais desafios, Luís Agostinho identifica, principalmente, um: chegar à alma da pessoa que estamos a fotografar. "Sendo um assunto tão delicado, seria difícil à primeira vista, mas tal não aconteceu, aceitaram esta ideia e a minha presença muito bem. Foi fácil criar um elo, sou grato pela confiança que me deram. Dentro de cada um havia uma vontade exteriorizar as emoções. Entre lágrimas e abraços, a cada fotografia ia crescendo a vontade de fazer mais, e quanto mais fotos fazia, mais era o alivio das pessoas".
As fotografias estiveram expostas em outubro do ano passado, na Covilhã. Devida à elevada aderência, o fotógrafo tem agora a pretensão de levar a exposição a outros locais.
Testemunhos
As sobreviventes foram também desafiadas a expressarem, por palavras, o seu estado de espírito em relação ao cancro e à vida.
Paula
Amor é uma das principais razões que mais define o meu estado de vida. Sem o Amor que sentimos e que sentem por nós, seria impossível viver! Faz parte daquilo a que chamamos de acompanhamento, presença, “estou ou estamos aqui”!!! Eu ando neste percurso há algum tempo e jamais o conseguiria percorrer se não fosse o amparo do Amor. Amor é um milagre porque não podemos obrigar ninguém a gostar de nós, e não é só dizer, temos de o sentir. A minha cápsula da vida são os meus dois grandes Amores, a minha filha, Maria Miguel e o meu maridão, Sérgio. O meu porto seguro, a minha alegria, a boa disposição, a oração, o carinho, o choro e a liberdade. O facto de pensarem sempre no meu bem-estar e na minha qualidade de vida, da nossa vida.
Isto é AMOR!!
O Amor da família e dos amigos, que tanto de perto como de longe, também nos enchem de mimo. Eu sinto muito Amor, eu sinto-me muito Amada. Amor é sempre e será sempre Amor.
Sofia
A verdade é que o Mundo ruiu aquando da confirmação do Cancro. A verdade é que nunca vou aceitar a mutilação que me deixou, embora lhe diga bom dia! A verdade é viver com dor constante… Mas por outro lado, o Cancro veio trazer-me forças e vontades que nunca antes tinha tido. Colocar um sorriso na cara, colar a melhor máscara de todas para que os outros não vejam o meu sofrimento e revolta. Ensinou-me a ser mais positiva, saber distinguir o que realmente merece a minha atenção e dedicação mas acima de tudo aprendi a gostar de mim. Tive a felicidade de conhecer pessoas fantásticas que vão ficar no meu Mundo para todo o Sempre. Descobri a “Minha Pessoa” que esteve sempre lá, mesmo quando eu própria não me suportava e tive a meu lado a mais bela das famílias e amigos. Alguns afastaram-se, mas posso muito bem viver sem eles, “Só faz falta quem está!” O mau feitio e o sentido de humor ficaram, felizmente, o que faz de mim uma pessoa verdadeira e única! A verdade é que o Cancro me mudou, por dentro e por fora e a todas as pessoas que estejam a passar por esta batalha…. Um forte aplauso…. São todas Guerreiras! E quando pensamos que já não há forças elas aparecem, como por magia.
Esta é a minha Verdade!
Conceição
A minha história resume-se às seguintes palavras: Força, coragem, determinação, gratidão, fé, amor, amizade, esperança, sorriso e vida. Em novembro de 2017 caiu-me o mundo em cima… Cancro de mama… Quando soube o meu coração partiu, senti um enorme vazio e pensei estar a viver um pesadelo, mas infelizmente era verdade. Entre percorrer o caminho com lágrimas ou com um sorriso…eu escolhi o sorriso! Hoje sou uma sobrevivente, palavra carregada de orgulho e emoção. Deus foi muito generoso comigo e o meu coração “nada” em gratidão e felicidade por ter uma família, uns amigos e uns profissionais de saúde maravilhosos. Força a todas as mulheres que enfrentam esta batalha…não deixem de acreditar que dias melhores virão.
Há quem queira esquecer…eu prefiro lembrar…
Bela
Ser Amada
Feliz
Mulher
Mãe
Filha
Irmã
Amiga
Profissional
Sobretudo…. EU
Isabel
Os nossos sentidos apuram-se consoante as nossas necessidades, já a fé e a esperança são uma constante da nossa vida. É nos momentos em que parece que tudo nos desaba e que por vezes não queremos ver nem ouvir ninguém… naqueles momentos em que o nosso “canto” passa a ser o nosso único Mundo. Existe algo superior que nos transporta para a dimensão da fé e da esperança que nos dá força para nunca desistir de lutar. Que as adversidades da vida encontrem sempre pela frente as grandes forças da fé e da esperança de que o dia de amanhã seja sempre melhor que o de hoje. “Que nunca se perca uma batalha por se baixarem os braços e parar de lutar!”. A fé nos move.
20 outubro 2020
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
“Aligeirei quando contei à minha mãe do cancro da mama e ela disse: ‘Também tenho aqui uma coisa.’ Não era um caroço, era uma massa imensa”
Tia Cátia fez a biopsia que confirmou o cancro da mama no último dia de 2021. Foi operada poucos meses depois, tirou, como costuma dizer, duzentos gramas de mama e fez radioterapia. Ao mesmo tempo que fazia os tratamentos, a mãe, com 81 anos, também foi diagnosticada com um cancro da mama. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', conta a sua história ao lado do médico Diogo Alpuim Costa, que a acompanhou durante o processo21.08.2025 às 8h00
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
“Ao quarto cancro sinto cansaço e revolta, achei que já tinha dado para este peditório. Já é uma novela mexicana em que ninguém acredita”
Há vidas que parecem não caber numa só vida. A jornalista Andreia Catarino diz que vence lotarias, mas ao contrário. Sabe o que é estar doente desde a adolescência. Com 42 anos, já teve 4 cancros: um linfoma, um tumor no fígado, cancro da mama e cancro da tiroide. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', conta a sua história ao lado da oncologista Patrícia Pereira, que a tem acompanhado14.08.2025 às 8h00
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
Helena Costa: “Devido ao cancro do pulmão mudei a minha vida toda para ser feliz. Separei-me, comprei uma casa: fez-me não perder tempo”
Aos 39 anos, com um estilo de vida saudável, Helena Costa deparou-se com um cancro no pulmão. Sentiu uma enorme revolta e foi consumida durante uns tempos por uma ansiedade desconcertante. Na altura, as filhas gémeas tinham apenas um ano e meio. No podcast “Tenho Cancro. E Depois?”, a atriz conta a sua história ao lado de Fernando Martelo, o cirurgião que a acompanhou07.08.2025 às 8h00
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
“Aos 50 anos fiz uma festa enorme e um discurso 'A minha mãe não foi avó, mas eu vou ser'. Meses depois recebi o diagnóstico, foi um embate”
Viveu desde muito cedo com o fantasma do cancro na família. Os avós, uma tia e uma prima tiveram, mas o caso que mais a marcou foi o da mãe, que morreu com cancro da mama aos 49 anos. Quando celebrou 50 anos chegou o diagnóstico: tinha cancro da mama. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, conta a sua história com o cancro ao lado do marido, Frederico Carneiro31.07.2025 às 7h40
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
“Por causa da operação ao cancro da próstata estive quatro meses de fralda, mas não deixamos de ser homens por fazer xixi nas calças“
Jorge Bento Silva conviveu sempre com o pior da espécie humana. Dedicou toda a carreira à luta contra o terrorismo e acredita que o sofrimento dos outros, que foi acumulando nos últimos 35 anos, foi uma das principais causas do cancro da próstata, que lhe foi diagnosticado há 14 anos. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', Jorge Bento Silva relata a sua experiência, ao lado do psiquiatra Pedro Macedo24.07.2025 às 8h00
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Tenho cancro. E depois? em Podcast
“A ideia de que se tiver vontade vou derrotar o cancro é falsa e perigosa. Se não me curei então foi porque não tive vontade suficiente?”
Há mais de 30 anos que Isabel Galriça Neto lida de perto com quem enfrenta doença graves: tem a missão de fazer tudo o que está ao seu alcance para diminuir o sofrimento dos doentes, e apoiar as famílias. No ano passado, foi-lhe diagnosticado um cancro da mama triplo negativo, o mais grave. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', a médica e antiga deputada pelo CDS-PP conta a sua história ao lado da médica Mónica Nave, que a acompanhou durante os tratamento17.07.2025 às 8h00
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