Europa: “Todos os cidadãos merecem ter as mesmas oportunidades quando são confrontados com um diagnóstico de cancro”
Yves Herman
“Irei eu sobreviver?”, perguntou Stella Kyriakides a si própria quando recebeu, pela primeira vez, um diagnóstico de cancro. A Comissária Europeia para a Saúde é ex-doente oncológica e conhece de perto as dúvidas e as dificuldades desta população. É também a cara do "Plano Europeu de Combate ao Cancro", um plano “abrangente e inclusivo” que pretende, sobretudo, mitigar as desigualdades que existem entre os países da União Europeia (UE), de forma a melhorar os resultados e taxas de sobrevivência globais. O plano, pensado holisticamente, está direcionado para os seguintes temas: diagnóstico precoce, acesso a novas terapêuticas, melhoria da qualidade de vida dos sobreviventes, doentes metastáticos e cuidadores, assim como na oferta de cuidados paliativos.
Realidade europeia
Os números refletem aquilo que a sociedade já deveria, por esta altura, saber: O cancro é um problema de todos. Por ano, quase 4 milhões de pessoas na UE são diagnosticadas e 1,2 milhões morrem vítimas desta doença. Todavia, as discrepâncias que se observam ao nível dos resultados, nos diferentes estados-membros, são avassaladoras: as taxas de sobrevivência de cancro variam entre os 80% e os 55% - no caso específico do cancro da mama, a variação está entre os 90% e os 75%. “Tragicamente, em 2020, há diferenças inaceitáveis na UE”, admite Stella Kyriakides. Verifica-se, também, um impacto desproporcional da doença em pessoas que têm menos escolaridade e salários mais baixos. “É nisto que temos de trabalhar porque todos os cidadãos merecem ter as mesmas oportunidades quando são confrontados com um diagnóstico de cancro”, defende.
Introdução de novas metodologias
Este ano tem sido particularmente difícil para os doentes com cancro. “A pandemia trouxe um medo adicional, agravou o isolamento e os cuidados de saúde foram severamente interrompidos”, lembra a comissária. O legado deixado pela covid-19 à oncologia fez dos atrasos em consultas e exames, pela Europa fora, uma evidência comum. De forma a lidar com esta nova realidade, que não se sabe até quando vai durar, Stella Kyriakides adianta que o "Plano Europeu de Combate ao Cancro" terá em conta o impacto da covid-19 e irá incluir, por exemplo, novas guidelines sobre o uso da Telemedicina, recurso cada vez mais usado para realizar consultas e aproximar especialistas e doentes de forma segura. “A covid-19 captou todas as atenções, mas para nós o plano continua a ser uma prioridade e a sua implementação será feita até ao final do ano”, explica.
A comissão compromete-se, também, a desenvolver iniciativas direcionadas para especialistas e stakeholders sobre temas mais específicos como o cancro pediátrico, a formação profissional em saúde ou sobre como melhorar a comunicação e a informação sobre temas cruciais como a prevenção.
Stella Kyriakides destaca, igualmente, a importância da troca de dados sobre cancro entre países, considerando-a “vital”. “A covid-19 veio evidenciar ainda mais a importância de obter e trocar dados precisos de forma rápida”. Desde 2018 que a UE tem um sistema de informação dedicado ao cancro que providencia dados sobre incidência, mortalidade e sobrevivência. Recolher e providenciar novos dados sobre cancro pediátrico também está dentro dos planos, com o propósito de “melhorar o diagnóstico e tratamento em adultos e crianças”.
“Não podemos lidar com esta realidade sozinhos”
Espera-se que o "Plano Europeu de Combate ao Cancro" possa beneficiar de outras medidas que serão aplicadas a nível europeu na área da saúde, assim como da estreita ligação com a missão de pesquisa sobre o cancro (Mission Cancer) do Horizon Europe - programa de investigação e inovação da UE com o objetivo de conduzir a mais descobertas, avanços e lançamentos mundiais transferindo ideias inovadoras dos laboratórios para o mercado. Esta iniciativa ajudará a definir objetivos comuns, ao unir esforços em toda a Europa. “Não podemos lidar com a realidade sozinhos, temos que trabalhar de forma horizontal”, acredita a Comissária Europeia para a Saúde.
Com a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, no primeiro trimestre de 2021, Stella Kyriakides lembra que Portugal terá um papel crucial para colocar o plano em prática, alertando para a necessidade que haverá em “trabalhar de perto” com o país, de forma a fazer uma implementação bem-sucedida.
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