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Tumores cerebrais. Avanços têm melhorado o prognóstico

Os progressos nas cirurgias realizadas para remover tumores cerebrais têm desempenhado um papel cada vez mais importante no seu tratamento

Em Portugal, os tumores cerebrais primários malignos têm registado um ligeiro aumento na sua incidência ao longo dos últimos anos, à semelhança do que se observa nos restantes países da Europa central e do sul. Mesmo assim, “representam apenas 2% dos tumores e surgem em cerca de 20 casos por 100 000 habitantes”, segundo o médico neurocirurgião, Paulo Linhares, do Hospital São João, no Porto. Já a incidência de tumores metastáticos “é ligeiramente superior e tem tendência a aumentar à medida que vão melhorando os tratamentos do tumor primário e os doentes vão vivendo mais tempo.”

As boas notícias são que “tem havido uma crescente melhoria nas condições cirúrgicas que permitem fazer uma remoção do tumor de forma mais completa e segura”, diz Paulo Linhares. “O grau de remoção é o principal fator de prognóstico, o que significa que quanto mais tumor se remover, maior é a probabilidade do doente viver mais tempo”, explica, notando que “é extremamente importante que a cirurgia não traga défices acrescidos” e, por isso, “o uso da neuronavegação para planear a cirurgia, a utilização da fluorescência intra-operatória que marca só as células do tumor e a cirurgia com o doente acordado são ferramentas que devem ser usadas para garantir uma melhor remoção com uma maior segurança.”

Os progressos registam-se também no tratamento de radioterapia, “cada vez mais preciso e seguro, atuando no tumor e preservando melhor o tecido cerebral envolvente.”

O desenvolvimento dos estudos genéticos do tumor tem igualmente aberto portas a outras opções terapêuticas que podem ser usadas em situações de recrescimentos tumorais sucessivos, acrescenta Linhares, manifestando a esperança de que “a imunoterapia possa, a curto prazo, passar também a fazer parte do tratamento destes tumores e não apenas dentro de ensaios clínicos.”

Resultados promissores vêm ainda de alguns outros tratamentos experimentais, como a termoablação por LASER ou os tratamentos com campos elétricos alternados (TTF) “Espero que a médio prazo possam estar disponíveis para todos os doentes”, diz o médico.

Tumores primários e secundários

Os tumores cerebrais surgem quando se formam células anormais no cérebro, podendo ser malignos ou benignos. No caso dos malignos, dividem-se em tumores primários quando se formam no próprio cérebro e secundários, quando resultam da disseminação para o cérebro de um tumor noutra região do organismo. Os tumores que mais frequentemente metastizam para o cérebro são os tumores do pulmão, da mama e os melanomas. Nestes casos, não se pode falar de prevenção. “Não há forma de prevenir esta metastização. Mas é fundamental o tratamento adequado do tumor de origem”, nota Paulo Linhares.

No que respeita aos tumores primários, o único fator de risco bem documentado “é a exposição prévia à radiação ionizante, por exemplo no caso de doentes que necessitaram de fazer radioterapia cerebral por qualquer motivo. Acredita-se que possam existir outros fatores de risco, mas ainda não se conseguiu estabelecer uma relação direta como a que existe por exemplo entre o tabaco e o cancro do pulmão”, refere.

A informação é assim essencial para não desvalorizar sintomas: dores de cabeça (cefaleias); aparecimento de défices neurológicos como, por exemplo, a diminuição da força de um membro ou dificuldade na linguagem; alterações do comportamento ou do humor ou confusão mental são sinais que justificam a procura de ajuda médica. Como em todos os outros cancros, o diagnóstico atempado é uma das melhores “armas” do doente.

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