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70% dos portugueses não têm acesso a cuidados paliativos

Esta é a percentagem de doentes em fase terminal que não tem acesso a estes cuidados. Entenda a razão pela qual são tão necessários

Em comunicado (leia AQUI na íntegra), no final do ano passado, Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), pediu urgência na priorização efetiva do investimento em Cuidados Paliativos. “Não alertamos apenas para a falta de “camas”, mas também para o fraco acesso a um acompanhamento especializado no decorrer de processos de doença grave e não apenas numa fase mais avançada e/ou de últimos dias ou semanas de vida. Trata-se de um direito garantido através da Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (2012) que continua por cumprir”.

Equipas reduzidas

O número de equipas existentes são manifestamente reduzidas para as necessidades que o país tem nesta área, sobretudo a nível comunitário (cerca de metade das equipas previstas continuam sem ser criadas), o que faz com que muitas regiões do país continuem sem acesso cuidados paliativos, principalmente no domicílio ou na comunidade. Por outro lado, a maioria das equipas encontram-se subdimensionadas para as necessidades da população à qual dão resposta, e não dispõem de recursos humanos com competência ou especialização (profissionais especialistas na área) em número e com condições para desenvolver o seu trabalho de uma forma digna.

“A APCP recebe, frequentemente, informação sobre profissionais que pretendem desenvolver a competência nesta área mas que encontram múltiplas barreiras, não só pela ausência de carreira médica nesta área, mas também porque a maioria financia a sua própria formação especializada e, muitas vezes, vêem recusados os seus pedidos de dispensa para poderem realizar os estágios práticos imprescindíveis para a sua especialização”.

Para a associação, a garantia de melhores condições para que os profissionais de saúde possam apostar na sua especialização em cuidados paliativos é fundamental, uma vez que o principal beneficiário seria o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as equipas de cuidados paliativos, e implicitamente, os doentes e as suas famílias.

“Dezenas de milhares de portugueses não têm acesso aos cuidados paliativos”, lembra Isabel Galriça Neto, diretora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz


Sociedade cada vez mais envelhecida e falta de investimento

Numa sociedade maioritariamente envelhecida, com prevalência de doença crónica com evolução prolongada, os cuidados paliativos são cada vez mais procurados.

A associação alerta ainda para a “ausência de investimento nos Cuidados Paliativos” que se reflete numa ineficiência cada vez maior do sistema, que responde de forma errada às necessidades paliativas dos doentes e famílias, persistindo numa filosofia curativa, de obstinação terapêutica e diagnóstica, que apenas sobrecarrega o erário público, aportando mais sofrimento e indignidade na fase final da vida.

A Organização Mundial de Saúde alerta que em 2060 as pessoas com necessidades paliativas duplicarão no nosso país, o que torna ainda mais essencial a priorização dos cuidados paliativos por parte dos decisores políticos.

Nuno Jacinto, Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), explica a razão pela qual os cuidados paliativos precisam de ser valorizados:

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