Investigação recente explica como a poluição causa cancro do pulmão aos não fumadores
Os números dizem-nos que os novos casos de cancro de pulmão aumentam todos os anos, mesmo em não fumadores. Na Europa, é o cancro que causa mais mortes e em Portugal, só em 2020, 5 mil 415 portugueses foram diagnosticados com esta neoplasia maligna, tendo-se registado 4 mil 797 mortes. Isto significa que, diariamente, 12 portugueses são diagnosticados com cancro do pulmão e 11 morrem devido a esta doença.
O cancro do pulmão continua a demonstrar uma taxa de sobrevivência muito baixa sendo que a probabilidade de sobreviver é de apenas 15%, 5 anos após o diagnóstico. A eficácia dos tratamentos atuais para estádios avançados da doença é ainda reduzida e por isso o diagnóstico precoce continua a ser o método mais eficaz na redução da mortalidade.
O que este novo estudo (pode ser consultado AQUI), publicado esta semana, vem divulgar é que as partículas suspensas no ar contaminado são uma causa relevante no aparecimento de cancro de pulmão, mesmo em pessoas que não sejam fumadoras. Os autores concentraram-se em pessoas que têm uma mutação no gene EGFR, um marcador típico de cancro de pulmão, que nunca fumaram ou fumaram raramente. Os resultados mostram uma clara associação entre os níveis de poluição do ar e a incidência desses tumores.
"Este trabalho demonstra um novo paradigma de como o cancro aparece", resume o oncologista Charles Swanton, pesquisador do Francis Crick Institute, em Londres, e principal autor do estudo, do qual participaram dezenas de cientistas da Europa, Ásia e América do Norte.

Por dia, 12 portugueses são diagnosticados com cancro do pulmão
Pensava-se - até ao momento - que os agentes cancerígenos do meio ambiente produziam mutações no ADN e que essa agressão genética era o que posteriormente promovia o desenvolvimento de tumores. Mas o que este novo estudo nos mostra é que estas partículas atuam como promotoras de cancro em pessoas saudáveis que, coincidentemente, já carregam mutações que as predispõem a este tipo de neoplasia maligna, como é o caso do EGFR.
O estudo sugere que bastam apenas três anos a respirar ar poluído para que a incidência dispare em pessoas não fumadores. Na Europa, 96% da população urbana está exposta a níveis de partículas que excedem os recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
“A poluição do ar mata oito milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Destes, cerca de 300 mil morrem de cancro do pulmão”, diz o autor.
Não obstante, o tabaco continua a ser a principal causa para o aparecimento de cancro do pulmão.
Os especialistas acreditam que a introdução do rastreio em Portugal - que está previsto para breve - vai ter um impacto significativo na deteção precoce da doença. O estudo NELSON (ver estudo AQUI) o maior estudo realizado a nível europeu, demonstrou os benefícios e a segurança do uso de exames de tomografia computorizada (TC) de baixa-dose no rastreio de cancro do pulmão, tendo-se verificado uma redução de mais de 24% do risco de morte.
No vídeo abaixo, António Araújo, diretor do serviço de oncologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto, explica como se pode melhorar o prognóstico do cancro do pulmão.
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