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Os casos de cancro da próstata vão duplicar nas próximas duas décadas. Diagnóstico precoce é a chave para o combate à doença

O cancro da próstata é o mais comum em homens e o terceiro mais mortal, em Portugal.
Marta Tuna

Marta Tuna

Jornalista

O cancro da próstata é o mais comum em homens e o terceiro mais mortal, em Portugal. A última análise da Comissão sobre Cancro da Próstata da Lancet revela que o número de casos vai duplicar até 2040 . Em 2020 registaram-se 1,4 milhões de casos em todo o mundo e em 2040 são esperados 2,9 milhões, mostra o estudo. Os especialistas apontam a longevidade como a principal razão para este aumento, uma vez que estes tumores são mais frequentes com o avançar da idade.

Ter mais de 50 anos e antecedentes familiares são os principais fatores de risco. Henrique Miquelino de 73 anos é exemplo disso. Foi diagnosticado com 64 anos, depois de todos os seus irmãos e o pai terem sido diagnosticados :

" o meu historial é que o meu pai faleceu da próstata, um irmão meu também mais velho... somos 6 irmãos todos temos cancro na próstata. Eu fazia o PSA todos os anos, análises ao sangue, e estava sempre elevado, estava a 4 pontos, 6.5, a 7 (...) fiz uma biópsia e acusou cancro"

A glicoproteína PSA, antigénio específico da próstata, analisado nos exames ao sangue foi o que chamou a atenção dos médicos, no caso de Henrique, mas também de João Sousa, que aos 51 anos, sem histórico familiar e com uma vida ativa recebeu o diagnóstico:

"Em 2016, numas simples análises de rotina foi descoberto que o PSA estava bastante alto (...) já tinha um cancrozinho com 6,5 mílimetros e eu nunca tive sintomas absolutamente nenhuns , eu não tive absolutamente nada, não tive sintomas"

O cancro da prósta representa 15% dos cancros masculinos, ou seja, todos os homens têm elevada probabilidade de ter cancro próstático , explica o médico urologista do IPO, Rodrigo Ramos, no entanto, acrescenta que "sabemos que nas células que estão na próstata ele existe, mas a grande maioria dos tumores não evolui, portanto quando falamos de diagnósticos (...) estamos sobretudo a diagnosticar os doentes que interessa diagnosticar".

Quanto à prevenção, o médico Rodrigo Ramos explica que não existe unanimidade sobre a prevenção do cancro da próstata, defende que a aposta deve ser na monitorização e aposta no diagnóstico precoce - "uma vez tendo surgido a doença, não existem métodos muito eficazes para impedir que ela evolua, tem mais a ver com a natureza da doença e, portanto, a chave passa pelo diagnóstico precoce , que é oportunamente realizado nas consultas do médico de família". O diagnóstico pode ser feito pela análise do PSA nas análises ao sangue, através do toque retal ou quando as pessoas manifestam alguns sintomas, que podem ser ósseos ou urinários.

Apesar dos especialistas incentivarem ao diagnóstico, para o IPO ainda é um desafio detetar os casos que possam evoluir de forma mais grave.

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