O mais proeminente dissidente chinês tem sido uma "pedra no sapato" de Pequim.
Em 1989, aliou-se aos estudantes numa greve de fome, dias antes do massacre de Tiananmen.
O ano passado, Liu foi condenado a uma pena de prisão de 11 anos por ter escrito, em conjunto com outros activistas chineses, o "Charter 08", um manifesto pela liberdade de expressão, pela independência do poder judicial e pela realização de eleições multipartidárias - um eco intencional do "Charter 77", apelo em nome dos direitos humanos na ex-Checoslováquia lançado por Vaclav Havel, que levou ao fim da era comunista no país.
"Devemos tornar universal a liberdade de expressão e de imprensa, garantindo que os cidadãos possam ser informados e exercer os seus direitos de supervisão política (...) Devemos acabar com a prática de encarar as palavras como crimes", proclama o "Charter 08".
O Partido Comunista chinês assumiu o documento, assinado por milhares de pessoas, como um desafio directo e condenou Liu por tentar "subverter o governo".
Liu Xiaobo é doutorado em literatura chinesa.
Ensinou numa universidade em Pequim, mas foi banido do ensino oficial pelo seu envolvimento nas manifestações estudantis de 1989, consideradas pelo governo como "uma rebelião contra-revolucionária".
Depois da repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, esteve preso durante cerca de um ano e meio, até ao início de 1991.
Entre 1996 e 1999, foi de novo detido e internado num "campo de reeducação através do trabalho".
Estados Unidos e União Europeia pediram várias vezes a libertaçao de Liu Xiaobo.
Em dezembro passado, o porta-voz do departamento norte-americano de Estado disse que um julgamento de Liu Xiaobo "não é próprio de um grande país".
O governo chinês rejeitou as críticas ocidentais ao processo, considerando-as uma "ingerência grosseira nos assuntos internos da China".
"Sinal poderoso da comunidade internacional"
A atribuição do prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo é "encorajador" para o povo chinês, pois é um "sinal" de que a comunidade internacional condena a atuação de Pequim em matéria de direitos humanos, defendeu Emily Lau, vice-presidente do Partido Democrático de Hong Kong e deputada.
"Estou muito satisfeita com o facto do prémio Nobel da Paz ter sido atribuído a Liu Xiaobo, pois ele tem feito muito pela paz, pelos direitos humanos e tem também sofrido muito por isso", disse.
"Este prémio é um sinal muito poderoso de que a comunidade internacional reconhece o esforço de Liu Xiaobo pela defesa dos direitos humanos na China e é encorajador para o povo chinês, que tem sofrido muito", acrescentou.
com Lusa