Dar uma sopa de brócolos ou de alho francês a um bebé entre os quatro e sete meses de vida com o sabor do legume o mais natural possível e fazer com que experimente entre oito a dez vezes é a "técnica" mais eficaz para que as crianças na idade pré-escolar admitam experimentar e comer legumes, contou à Lusa a responsável em Portugal pelo projeto europeu "Aprender a gostar de vegetais".
"Muitas vezes, os pais desistem à primeira, porque a criança faz caretas feias, muitas vezes alguns (pais) até podem testar uma segunda vez, mas se à segunda vez a criança desiste, eles também não vão insistir mais naquele alimento", lamenta a especialista, reiterando a técnica da "repetição por exposição".
O estudo indica que mesmo quando os vegetais têm um sabor mais amargo, se as crianças forem expostas repetidamente "comem tanto esse alimento como outro qualquer", defende Carla Lopes.
A ideia do reforço em testar alimentos novos repetidamente e de dar sopas variadas, com um legume predominante de cada vez, para os bebés se habituarem a novos sabores, é a melhor forma de criar bons hábitos alimentares, defende o estudo "Determinação de fatores e períodos críticos na formação de hábitos alimentares".
O estudo, realizado por investigadores do Reino Unido, Holanda, Portugal, Grécia, Dinamarca e França, conclui também que bebés que se alimentam de leite materno também estão mais disponíveis a gostar mais de vegetais, porque através da alimentação variada da lactante esta passa ao bebé um leite com vários sabores e, logo, a criança fica mais propensa a gostar de vegetais.
Os vegetais têm um "alto nível de nutrientes que contêm antioxidantes que reduzem os riscos de doenças".O estudo indica, todavia, que "poucas crianças na Europa comem as quantidades de vegetais recomendadas para a sua dieta quotidiana"
"Muitas crianças não gostam do sabor de determinados vegetais, porque comparam o sabor com as frutas e porque de facto as crianças têm uma apetência para alimentos mais doces logo que nascem, e não para alguns vegetais que possam ser mais amargos", reitera a especialista.
As conclusões preliminares do estudo europeu são apresentadas na quinta-feira, a partir das 09:00, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Os trabalhos terminam às 13:00, com a apresentação do tema "Impacto das práticas alimentares dos pais no consumo das crianças".
O estudo europeu, cujo término é em 2013, ainda está a analisar, por exemplo, como é que os estilos parentais podem implicar nos hábitos alimentares das crianças.
Lusa