Na noite desta quinta-feira, um pouco mais tarde do era expectável, Luís Montenegro anunciou a lista dos novos secretários de Estado do XXIV Governo constitucional. No total, são 41 novos secretários de Estado, dos quais 24 homens e 17 mulheres, que juntam-se aos 17 ministros já apresentados.
Ricardo Costa, diretor de Informação do Grupo Impresa, realça que o novo Governo “manteve mais ou menos a orgânica do anterior, com pequenas diferenças”.
"Isso é importante, sobretudo para não perder muito tempo. Os governos têm direito a alterar a orgânica, mas se conseguir manter as coisas mais ou menos na mesma ajuda às equipas que entram e aos serviços”, diz Ricardo Costa.
Na Saúde, pasta que será liderada por Ana Paula Martins, foram anunciados os nomes de Ana Margarida Pinheiro Povo (secretária de Estado da Saúde) e de Cristina Alexandre Rodrigues da Cruz Vaz Tomé (secretária de Estado da Gestão da Saúde), tornando este um ministério composto apenas por mulheres, à semelhança do que acontece na Justiça.
Cristina Vaz Tomé, que já foi administradora da SIC e do Expresso, “é uma pessoa com muita experiência, mas que não tem relação com a Saúde”, considera Ricardo Costa, lembrando que esta é “uma pasta muito complexa” que, além dos problemas relacionados com os médicos e com o atendimento à população, tem uma “grande interrogação”: o que vai acontecer ao diretor executivo do SNS, Fernando Araújo?
“Ele é uma pessoa muito acima da média na Saúde em Portugal. Durante anos foi o administrador hospitalar mais famoso do país, pelas boas razões, no hospital de São João. Também tem opiniões muito duras e difíceis de negociar. (…) Sabe-se que há uma divergência entre o que Fernando Araújo pensa e o que a nova ministra da Saúde pensa, sendo que, curiosamente, foi ele que a nomeou diretora do hospital de Santa Maria no passado (…) Uma saída de Fernando Araújo seria uma perda para o país", afirma o diretor de Informação da SIC.
O “mega ministério” e a divisão entre PSD e CDS na Defesa
Vítor Matos, jornalista do Expresso, destaca outros dois ministérios. Primeiro, o da Educação, Ciência e Inovação, que “torna-se um mega ministério” após uma “fusão” que deixa sem pasta o Ensino Superior.
O ministro Fernando Alexandre vai trabalhar com Manuel Alexandre Cristo (secretário de Estado Adjunto e da Educação), Pedro Tiago Dantas da Cunha (secretário de Estado da Educação) e Ana Maria Severino de Almeida Paiva (secretária de Estado da Ciência).
“É pouco intuitivo não haver um secretário do Estado do Ensino Superior, que passa diretamente de um ministério para não ter sequer uma secretaria de Estado”.
Já na Defesa, foram escolhidos dois secretários de Estado: Álvaro Castelo Branco (Adjunto e da Defesa Nacional) e Ana Isabel Xavier (da Defesa Nacional), do CDS e do PSD, respetivamente.
Vítor Matos não sabe se “há matéria para distribuir entre três elementos do Governo na Defesa [contando com o ministro e líder do CDS, Nuno Melo]”, mas “há aqui claramente uma divisão por razões partidárias”.
“Nuno Melo vai ter muita agenda internacional e vai, com certeza, faltar a muitos Conselhos de Ministros. Ao ter um secretário de Estado Adjunto da Defesa, o CDS estará sempre representado nos conselhos. Depois, ter um segundo nome é para o CDS não estar sozinho num ministério daqueles e para o PSD também ter a sua especialista em Defesa”, explica Vítor Matos.