Até a equipa da SIC chegar, acompanhada por Javier Arata e a cientista brasileira Ema Kuhn, a investigadora alemã era a única mulher na sala em que se comemorava o 47º aniversário da base russa, a estação Bellingshausen.
Na entrevista que deu à SIC, Vladimir Chorun, o chefe da base russa já nos tinha falado de Marie. A jovem faz parte da nova geração de investigadores alemães que há mais de 40 anos , muito antes da queda do muro de Berlim, vêm regularmente para Bellingshausen na ilha do Rei Jorge monitorizar, agora com o apoio de um 'drone´, as colónias de pinguins da vizinha ilha de Ardley, área protegida onde nidificam três espécies de pinguins: Pinguim-gentoo (Pygoscelis papua), Pinguim-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e Pinguim-de-barbicha (Pygoscelis antarctica).
Marie e outros investigadores da equipa alemã dizem-nos que os dois últimos registaram um decréscimo acentuado sobretudo nos anos 90. Pelo contrário, o número de Pinguins-gentoo tem vindo a aumentar. E isto não se verifica apenas na ilha de Ardley. Quando lá estivemos em reportagem, na manhã anterior, só vimos gentoo. Pergunto porque é que uma espécie tem prosperado e as outras duas não? Mas dizem que ainda não sabem explicar. Têm apenas hipóteses de estudo que necessitam de confirmação. O facto poderá estar relacionado com eventuais flutuações na disponibilidade de krill, o alimento principal dos pinguins.
A ciência é assim mesmo: há sempre mais perguntas do que respostas. E creio que será esse também o fascínio do trabalho de investigação científica.
Carla Castelo e Filipe Ferreira
Base de Julio Escudero, Ilha do Rei Jorge, dia 22 de fevereiro de 2015