Crise na Venezuela

Procurador-geral da Venezuela pede ao Supremo para investigar Juan Guaidó 

Procurador-geral da Venezuela pede ao Supremo para investigar Juan Guaidó 
Andres Martinez Casares

Juan Guaidó está impedido de deixar a Venezuela e tem as contas bancárias congeladas como medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal de Justiça, anunciou o Procurador-geral do país.

O pedido foi feito pelo próprio Procurador-geral,Tarek William Saab, e foi aceite esta terça-feira pelo Supremo Tribunal de Justiça. Numa conferência de imprensa realizada após a decisão, também foi anunciada a abertura de uma investigação preliminar a Juan Guaidó.

Como dirigente da Assembleia Nacional, o autoproclamado presidente interino usufrui de imunidade em investigações criminais e, por isso, só pode ser julgado por um tribunal superior.

Juan Guaidó já reagiu, no Twitter, dirigindo-se aos responsáveis do Supremo Tribunal de Justiça, dizendo-lhes que o "regime está na sua etapa final".

O opositor de Maduro e autoproclamado Presidente interino da Venezuela pediu aos juízes do Supremo para pensarem na "carreira, no futuro dos filhos e dos netos", quando tomarem uma decisão sobre o pedido de Saab.

"Este processo é imparável", escreveu Guaidó, referindo-se ao processo de queda de regime que está a tentar realizar, como presidente da Assembleia Nacional.

Juan Guaidó teme pela vida perante as ameaças que tem recebido

O autoproclamado Presidente interino da Venezuela admite temer pela vida perante as ameaças reiteradas que tem recebido. Apesar disso, Juan Guaidó nao desiste na intenção de derrubar o regime de Nicolás Maduro, como revelou em entrevista à Sky News.

Juan Guaidó estudou engenharia na Universidade Católica de Caracas e fez a pós-graduação em gestão pública na universidade de George Washington, nos Estados Unidos, e no Instituto de Estudos Superiores de Administração da capital venezuelana.
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A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 40 mortos, segundo dados das Nações Unidas. não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes. Nos últimos meses, dispararam os pedidos de nacionalidade portuguesa na Venezuela. O Governo português anunciou, entretanto, que vai agilizar os processos.

Para muitos lusodescendentes, o passaporte português representa uma via segura para sair da Venezuela. A reportagem é dos enviados especiais da SIC, Sofia Arêde e Fernando Silva.

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