Crise na Venezuela

Ministério Público venezuelano acusa dois guardas pela morte de militar

Militar venezuelano morreu na sequência de torturas.

Ministério Público venezuelano acusa dois guardas pela morte de militar
Ueslei Marcelino

O Ministério Público (MP) venezuelano anunciou esta segunda-feira que acusou dois elementos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) pela morte do capitão Rafael Acosta Arévalo, devido a alegadas torturas, quando se encontrava sob custódia das autoridades venezuelanas.

O anúncio foi feito através de um comunicado divulgado no Twitter pelo procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte (composta unicamente por apoiantes do regime de Nicolás Maduro), Tareck William Saab.

Segundo o MP, foram "realizadas as primeiras perícias pertinentes" e as "investigações preliminares" concluíram que "dois funcionários adscritos à Direção-geral de Contrainteligência Miliar estão vinculados com este facto".

Segundo o comunicado, por esse motivo, o MP "como titular da ação penal e atuando na defesa dos Direitos Humanos e do estado de Direito, solicitou a detenção preventiva do tenente Ascánio António Tarascio Mejía e do sargento segundo Estiben José Zarate Soto, como alegados responsáveis pelo facto".

O comunicado explica que ambos são acusados do "delito de homicídio preterintencional concasual", uma figura jurídica que na Venezuela é aplicada aos casos em que o resultado foi "em maior extensão ou gravidade que o esperado ou calculado pelo autor" e em que os meios usados não eram suficientes para o resultado final.

No passado sábado, a advogada e defensora dos Direitos Humanos Tamara Suju denunciou a morte do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, na sequência de alegadas torturas na DGCIM (serviços secretos militares).

"A DGCIM assassinou, à base de torturas, o capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, detido em 21 de junho. Ontem sexta-feira) chegou ao tribunal em cadeira de rodas, apresentando graves sinais de torturas. Não falava, apenas pedia auxílio ao seu advogado", escreveu na sua conta no Twitter.

Segundo Tamara Suju, durante a sessão em tribunal a vítima "não entendia nem ouvia bem".

"Pediram que se levantasse, mas não se podia mexer. O juiz ordenou fosse levado ao hospital e faleceu hoje pelas 01:00 (06:00 em Lisboa)", precisou.

A morte do militar mereceu várias críticas nacionais e internacionais.No domingo o Ministério Público venezuelano confirmou ter iniciado uma "exaustiva e científica investigação" pela morte de Rafael Acosta Arévalo.

Apesar de vários requerimentos, nem o seu advogado ou os familiares tiveram ainda acesso ao corpo do militar.

Lusa