"Nós nunca tínhamos tido um surto de tal amplitude (...) Há seis meses nós assistimos ao que podemos chamar uma tempestade perfeita: tudo se reuniu para que ganhasse esta velocidade", declarou o investigador numa entrevista ao jornal francês Libération.
A epidemia do Ébola, que já fez quase 1.500 mortos, "explodiu em países em que os serviços de saúde não funcionam, devastados por anos de guerra. Além disso, a população desconfia radicalmente das autoridades", referiu Piot ao jornal.
"É preciso restabelecer a confiança. Nada pode ser feito numa epidemia como esta do Ébola sem a confiança", acrescentou.
O coordenador das Nações Unidas contra o vírus Ébola, o médico David Nabarro, já avisou que a luta contra o surto é uma guerra que poderia levar até seis meses.
Peter Piot igualmente lamentou "a lentidão extraordinária" das instituições.
"A OMS só acordou em julho", ainda que o alerta tenha sido lançado no início de março e sabendo-se que a epidemia teve início em dezembro de 2013.
"Agora assume a liderança, mas é tarde", sublinhou.
Em meados de agosto, os especialistas reunidos pela OMS julgaram ético fornecer aos doentes medicamentos experimentais com efeitos secundários ainda não testados.
"O mínimo que podemos fazer é colocar estes produtos disponíveis em países que foram afetados (pelo Ébola)", defendeu o investigador.