Ébola

ONU adverte que mais pessoas morrerão de Ébola se comunidade internacional não responder

As Nações Unidas advertiram hoje que, se a comunidade internacional não combater eficazmente o vírus Ébola, morrerão mais pessoas, numa altura em que a Nigéria parece estar prestes a controlar a epidemia. 

© Luc Gnago / Reuters

O chefe da missão da ONU para a resposta de emergência ao vírus Ébola, Anthony Banbury, antecipou que "muita gente morrerá" se a comunidade internacional não adotar uma firme reação à epidemia, que já causou três mil mortos. 

"O mundo tem de agir agora para parar o Ébola. Isso significa uma mobilização internacional firme, logística, médica e social. Se não o fizermos, o vírus vai continuar a alastrar e muita, muita gente morrerá", prevê o responsável. 

Numa conferência de imprensa realizada no Gana, que, sem registo de casos, está convertido no centro logístico do combate à epidemia que afeta a África Ocidental, as Nações Unidas deram início a uma nova missão de resposta, que inclui a construção de centros de saúde.  

Ao mesmo tempo, organizações como os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha vão assegurar o tratamento dos doentes. O objetivo é que, no prazo de dois meses, 70 por cento dos infetados recebam tratamento e 70 por cento dos funerais sejam realizados de forma a impedir o contágio.

"É um plano muito ambicioso. Precisamos de fortes medidas de prevenção e resposta", reconheceu Banbury, assinalando o registo de cerca de quatro mil voluntários nas últimas 48 horas.

A sede da missão vai ficar baseada em Acra, capital do Gana, e acolher 250 funcionários, que se deslocarão aos países da África Ocidental mais afetados pelo vírus -- Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri --, que o próprio Banbury visitará nos próximos dias.

Por outro lado, a Nigéria, onde foram confirmados 19 casos, dos quais sete resultaram em mortes, parece estar prestes a vencer o combate à epidemia, graças a uma resposta rápida e coordenada, assinalou hoje o centro de controlo e prevenção de doenças dos Estados Unidos.

Se nenhum novo caso for declarado até quinta-feira, será possível afirmar que o vírus foi controlado na Nigéria, adiantou a unidade.

O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, garantiu hoje, ao discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que o país já está livre de perigo.

O vírus Ébola transmite-se por contacto direto com sangue, fluidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, provocando febres hemorrágicas que, na maioria dos casos, são fatais.

O contacto direto com outras pessoas ou cadáveres infetados tem sido o grande veículo de transmissão do vírus, para o qual não existe tratamento nem vacina.

Este cenário faz do Ébola um dos mais mortais e contagiosos vírus para os seres humanos, com uma taxa de mortalidade a rondar os 90 por cento.

O Ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, sendo o atual surto o mais grave desde então. Em seis meses, o vírus infetou 6.553 pessoas.

A Organização Mundial da Saúde decretou, no dia 8 de agosto, o estado de emergência de saúde pública mundial.

Lusa