"Não é justiça que procuram, é destruir-me. E, além da minha pessoa, destruir a direita, roubar-lhe os seus votos", afirmou num comício em Charleville-Mézières, no nordeste do país, que reuniu cerca de mil pessoas.
"Estes ataques não surgem do nada: foram cuidadosamente preparados, concebidos nas traseiras dos gabinetes que acabaremos por descobrir um dia", prosseguiu, após uma jornada de deslocações no nordeste de França, durante a qual tinha evitado responder a perguntas difíceis.
O ex-primeiro-ministro francês declarou-se responsável pelas suas decisões, dizendo: "Assumo a minha escolha de me apoiar na minha mulher e na minha família".
"Meus amigos, peço-vos que me ajudem a resistir, apesar de perceber que estas acusações perturbam alguns de vós, devido à sua insistência", lançou ainda ao público que acorreu a apoiá-lo.
O ministério público financeiro investiga desde a semana passada as atividades que permitiram a Penelope Fillon, segundo o jornal satírico Le Canard Enchainé, receber cerca de 900.000 euros brutos entre 1988 e 2013, como assistente parlamentar do marido e, a seguir, do seu sucessor na chefia do Governo, e como colaboradora de uma revista literária.
A investigação incide também sobre os empregos de dois dos seus filhos. Hoje, os investigadores, que já fizeram buscas na Assembleia Nacional e ouviram o casal Fillon, iam inquirir a secretária particular do candidato presidencial.
Segundo uma sondagem hoje divulgada, os apoiantes do partido de direita, os republicanos, continuam a depositar nele 58% da confiança, mas perto de sete franceses em dez (69%) desejam a sua substituição na corrida presidencial.
François Fillon, há muito considerado possível vencedor do escrutínio, seria agora eliminado à primeira volta, a 23 de abril, de acordo com outra sondagem, que o posiciona atrás da candidata de extrema-direita, Marine Le Pen (27%), e do centrista Emmanuel Macron (23%).