Hugo Chavez

Nicolás Maduro, o "herdeiro" de Hugo Chávez 

O vice-Presidente da Venezuela e antigo ministro  dos Negócios Estrangeiros Nicolás Maduro, antigo motorista de autocarro  e sindicalista, é aos 50 anos um veterano "chavista" conhecido por ser conciliador  e moderado.

© Jorge Silva / Reuters

A 08 de dezembro de 2012, antes de ser submetido em Cuba a mais uma  intervenção cirúrgica para travar um cancro na zona pélvica, o Presidente  venezuelano, Hugo Chávez, confirmou Nicolás Maduro como o seu delfim e o  seu sucessor político. 

Perante a opinião pública internacional, Chávez, cuja morte foi hoje  anunciada, pediu então aos venezuelanos para acolherem Maduro como o novo  Presidente, caso deixasse o poder, assegurando então que o antigo sindicalista  era "um revolucionário de corpo inteiro" e "um homem de grande experiência  apesar da sua juventude". 

"É um dos jovens líderes que detém as melhores capacidades" para dirigir  o país "com a sua mão firme, com a sua visão, com o seu coração de homem  do povo, com o seu talento para as pessoas (...), com o conhecimento internacional  que ganhou", acrescentou na mesma altura Chávez. 

Após assumir a diplomacia venezuelana durante mais de seis anos, Nicolás  Maduro foi nomeado vice-Presidente após a euforia da última vitória eleitoral  de Chávez, a 07 de outubro de 2012, para um novo mandato presidencial de  seis anos (2013-2019). 

Nascido em Caracas, a 23 de novembro de 1962, Maduro é um convicto homem  de esquerda que iniciou o seu percurso político quando andava no liceu,  como líder estudantil maoista. 

Não frequentou o ensino superior e começou a trabalhar como motorista  dos autocarros do Metro de Caracas, onde se destacou como líder sindical  na década de 1990. 

Nicolás Maduro integrou o "grupo de confiança" de Chávez desde que este  foi preso por tentativa de golpe de Estado em fevereiro de 1992. 

O encontro entre os dois responsáveis aconteceu por causa da mulher  de Maduro, advogada e a atual procuradora-geral da Venezuela Cilia Flores,  que lutou pela libertação de Chávez. 

Como um dos fundadores do Movimento V República (MVR), força política  de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito deputado em 2000, depois de ter  participado na redação da nova Constituição venezuelana, promulgada em 1999.

Em janeiro de 2006, foi designado presidente do Parlamento e, alguns  meses depois, em agosto, assumiu a pasta da diplomacia venezuelana. 

Como homem da máxima confiança, Maduro foi o único ministro que acompanhou  Chávez nas três primeiras deslocações a Cuba, bem como foi o escolhido para  informar os venezuelanos do estado de saúde do chefe de Estado. Em algumas  dessas ocasiões, Nicolás Maduro não conseguiu conter a emoção. 

Sobre a figura de Maduro, os analistas destacam o tom conciliador e  a capacidade de negociar e de influenciar as diferentes fações do "chavismo"  (movimento político associado a Hugo Chávez). 

"Ele não é ruidoso em termos verbais" e "parece ser alguém (...) que  está disposto a dialogar", afirmou o politólogo Ricardo Sucre, citado pelas  agências internacionais. 

"Além disso, é a escolha dos  1/8líderes cubanos Fidel e Raul 3/8 Castros",  grandes aliados do Presidente Chávez, acrescentou o professor da Universidade  Central da Venezuela. 

A historiadora Margarita Lopez Maia, também citada pelas agências internacionais,  sublinhou a "fidelidade" do "melhor porta-voz" internacional do Governo  de Chávez, numa altura em que Caracas adotou uma retórica "anti-imperialista"  e manifestou apoio a regimes controversos, como o Irão, Líbia e Síria. 

A opinião do povo venezuelano em relação a Maduro também parece ser  favorável. 

Em meados deste mês, uma sondagem revelava que Nicolás Maduro obteria  50% das intenções de voto se a Venezuela realizasse eleições presidenciais  antecipadas, contra os 36% do líder da oposição venezuelana Henrique Capriles.

Lusa