Numa declaração à agência Ecclesia, o cardeal-patriarca sublinhou o "contributo notável e irrecusável" de Mário Soares, adiantando que é agora tempo "para agradecer e enaltecer" o seu papel para o "estabelecimento da democracia em Portugal".
De acordo com Manuel Clemente, as instituições democráticas em Portugal, como "felizmente" existem hoje, devem "muito" a Mário Soares, "sobretudo nos anos de implementação da democracia nos anos 70" do século XX.
A agência Ecclesia lembra que em 2007, Mário Soares foi indicado para presidir à Comissão da Liberdade Religiosa, cargo no qual seria reconduzido em 2011. Como presidente da República, recebeu o Papa João Paulo II na viagem a Portugal, em 1991 e antes, a 27 de abril de 1990, realizou uma visita oficial ao Vaticano.
Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
Lusa