Quadros de Miró

Petição contra venda de quadros de Miró pelo Estado perto das cinco mil assinaturas 

A petição lançada no início de janeiro contra  a venda de 85 quadros de Joan Miró, na posse do Estado português, e em defesa  da sua disponibilização ao público, recolheu até hoje 4.948 assinaturas.

Joan Miró em 1978 / AP
AP

Iniciativa da Casa da Liberdade Mário Cesariny, do Coletivo Multimédia  Perve, a petição tem como objetivo travar o processo de venda marcada para  fevereiro deste ano, num leilão em Londres pela leiloeira internacional  Christies.  

Os promotores consideram que a venda, a ser concretizada, é "danosa  e irreversível" para o país, e por isso levaram o caso a debate público  nas redes sociais e à Assembleia da República.  

Entre os signatários contam-se várias figuras ligadas à cultura, nomeadamente  artistas como Alberto Pimenta, Cruzeiro Seixas, Manuel João Vieira, Albino  Moura, Vitor Rua e as deputadas do PS Inês de Medeiros e Maria Antónia de  Almeida. 

Na última semana, também o PCP e o PS apresentaram no parlamento projetos  de resolução no sentido de suspender a venda do espólio do pintor Joan Miró  que se encontra na posse do Estado português através do processo de nacionalização  do antigo Banco Português de Negócios (BPN). 

A proposta de resolução do PCP vai ser debatida na terça-feira, às 16:00,  na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, e poderá ainda ir a plenário  para votação esta semana, disse hoje à agência Lusa fonte dos serviços administrativos  do parlamento. 

Contactado pela Lusa, Carlos Cabral Nunes, do Coletivo Multimédia Perve,  comentou que "não obstante o apoio do PCP e do PS, a petição representa  um movimento de cidadania transversal à sociedade portuguesa". 

"Há uma semana demos entrada da petição no parlamento com cerca de mil  assinaturas e agora voltámos a dar entrada com quase cinco mil assinaturas,  o que demonstra o interesse da sociedade portuguesa neste caso", comentou.

Sobre o valor do conjunto de 85 quadros, considera "que é muito mais  elevado do que a estimativa global que o Estado anunciou  1/835 milhões de  euros 3/8, apontando que o artista Joan Miró detém um recorde de venda de uma  única obra por 40 milhões de euros". 

A Christies colocou "online" os catálogos com as obras que serão leiloadas  em três sessões, marcadas para os dias 04 e 05 de fevereiro. 

Contactado pela Lusa, o gabinete do secretário de Estado da Cultura,  Jorge Barreto Xavier, respondeu, numa nota, que "a aquisição da coleção  de Joan Miró não é considerada uma prioridade no atual contexto de organização  das coleções do Estado". 

Carlos Cabral Nunes considera lamentável que "os portugueses nunca tenham  sido chamados a pronunciar-se sobre um conjunto de obras que é património  público". 

Os organizadores da petição defendem que "a coleção de Joan Miró deveria  manter-se em Portugal, num museu, e ficasse disponível publicamente". 

Na quarta-feira, a Casa da Liberdade vai organizar um conjunto de espetáculos,  entre as 16:30 e as 22:00, para receber artistas e outros cidadãos que assinaram  a petição, para recolher depoimentos que mostrem a transversalidade do movimento.

Inaugurada no final de 2013, a Casa da Liberdade Mário Cesariny tem  direção artística do galerista e curador Carlos Cabral Nunes, um dos fundadores  do Coletivo Multimédia Perve, associação cultural sem fins lucrativos criada  em 1997, em parceria com a Perve Global, empresa proprietária das duas Galerias  Perve, em Lisboa. 

A petição está disponível "online" em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pijoanmiro.

Lusa