A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, dez pessoas durante as buscas em 100 locais em todo o país por suspeitas de tráfico de diamantes e ouro em missões militares noutros países, como na República Centro-Africana (RCA).
Num comunicado, as Forças Armadas garantiram que a investigação nasceu de uma denúncia interna. "Em dezembro de 2019 (...)" chegou aos ouvidos do "Comandante da 6ª Força Nacional Destacada (FND), na República Centro-Africana (MINUSCA),"a possibilidade de alguns militares (...) terem sido utilizados como correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes."
No mesmo comunicado, o Chefe de Estado Maior garantiu que a situação foi reportada imediatamente "à Polícia Judiciária Militar (PJM) para investigação".
"A PJM fez a respetiva denúncia ao Ministério Público que nomeou como entidade responsável pela investigação a Polícia Judiciária."
Desde então, garantem as Forças Armadas, "foram reforçados os procedimentos de controlo e verificação à chegada dos militares das Forças Nacionais Destacadas e respetivas cargas."
Quase dois anos depois, foram feitas as primeira detenções: vários praças, alguns que já saíram do Exército, um agente da PSP e um GNR ainda em formação.
As suspeitas indicam que, durante a missão das Nações Unidas na República Centro Africana, usaram os meios de transporte aéreo do Exército para traficar, ouro, diamentes e droga. Em Portugal, criaram os chamados testas-de-ferro para abrir contas bancárias por onde circulava o dinheiro. O branqueamente de capitais passava ainda pela compra de criptomoedas.
A operação levada a cabo pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária é a maior do último ano e contou com a colaboração da Autoridade Tributária.
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