Orçamento 2020

Nova taxa põe em causa prestação de cuidados no SNS, diz associação

Associação de empresas de dispositivos médicos contra medida do Orçamento do Estado para 2020.

Nova taxa põe em causa prestação de cuidados no SNS, diz associação
ESTELA SILVA/LUSA

A associação de empresas de dispositivos médicos manifesta-se contra a nova taxa proposta pelo Governo para o setor, ameaça com o encerramento de empresas e alerta que pode estar em causa a prestação de cuidados no SNS.

"A contribuição extraordinária de 1,5% a 4% a aplicar aos dispositivos médicos em 2020 e que está incluída na proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo põe em causa a prestação dos cuidados de saúde aos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pode levar ao encerramento de algumas empresas do setor", refere a Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (Apormed) em comunicado.

A associação avisa que o "novo imposto" vai levar à descontinuação de "um grande número de produtos", bem como à diminuição da qualidade e de quantidade de serviços prestados.

No comunicado, a Apormed toma ainda como certa a "disrupção de fornecimento de dispositivos médicos ao SNS", com "impacto preocupante e negativo para o doente, para os profissionais de saúde e na saúde pública".

A Associação, que representa cerca de 60% do setor das tecnologias para a saúde, refere que as empresas "declinam qualquer responsabilidade por falhas que possam ocorrer no SNS" que resultem da aplicação da contribuição extraordinária nos dispositivos médicos contemplada na proposta de Orçamento para o próximo ano.

Os representantes dos fornecedores de dispositivos médicos entendem ainda que o setor foi "severamente castigado por medidas administrativas" nos últimos anos, que têm levado à "degradação das condições de fornecimento de dispositivos médicos".

Nos últimos três orçamentos do Estado, versões preliminares do documento apontavam para medidas idênticas à da contribuição extraordinária definida, mas que entretanto caíram e não foram aplicadas.

"Torna-se ainda mais incompreensível retomar esta medida num contexto económico favorável e de previsão de excedente orçamental para 2020, situação única desde que a democracia se instalou em Portugal", refere a Apormed.

Segundo a proposta de Orçamento entregue na segunda-feira, as empresas de dispositivos médicos que forneçam o SNS terão de pagar uma contribuição extraordinária em 2020, calculada em função dos montantes adquiridos. Este regime visa "garantir a sustentabilidade do SNS" e é aplicado a fornecedores de dispositivos médicos, que incluem os dispositivos para diagnóstico in vitro.

A receita obtida é consignada a um fundo de apoio à compra de tecnologias de saúde inovadoras para o SNS, que terá de ser criado.A alternativa à contribuição extraordinária nos dispositivos médicos é o estabelecimento de acordos com o Estado em que se fixem objetivos para os valores máximos da despesa pública na compra de dispositivos.