"O contato entre os indivíduos dava-se essencialmente por meio de redes sociais, Telegram e demais modos de comunicação virtual, espaço no qual também divulgavam ideais extremistas e de perseguição religiosa, racial e de género", lê-se num comunicado.
Através de quebra de sigilo telefónico e de dados, "constatou-se a tentativa de organização do grupo para promoção de atos terroristas durante os Jogos Olímpicos Rio 2016", confirmou a Procuradoria.
A operação policial terminou com a expedição de "12 mandados de prisão temporária, com duração de 30 dias, prorrogáveis uma vez por igual período", informou ainda a Procuradoria.
Esta manhã, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, anunciou que 10 deles já foram detidos.
Para além de alguns deles terem "realizado o batismo ao [grupo 'jihadista'] Estado Islâmico, juramento de fidelidade exigido pela organização terrorista para o acolhimento de novos membros", havia "outros graves indícios" que "demonstraram a imprescindibilidade da prisão temporária decretada", justificou a entidade.
Segundo a Procuradoria, a medida foi tomada "para garantir a segurança e paz pública necessárias à realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016", que decorrem de 05 a 21 de agosto no Rio de Janeiro.
A Procuradoria esclareceu ainda que, "embora se tenha constatado indícios de atos preparatórios pelo grupo, não houve notícia de atos concretos para a realização de ataque terrorista".
"As provas colhidas até o momento possibilitam o enquadramento dos investigados, no mínimo, nos tipos penais que estipulam 'promover' ou 'integrar' organização terrorista como crime", explicou o procurador da República responsável pelo caso, Rafael Brum Miron.
Entre as principais provas, há uma comunicação na qual "um dos integrantes do grupo conclama interessados a organizarem-se para prestar apoio ao [grupo extremista] Estado Islâmico (EI) com treinamento já em território brasileiro", lê-se no comunicado.
Foram igualmente identificadas mensagens relacionadas à possibilidade de se aproveitar o momento do maior evento desportivo do mundo para a realização de ato terrorista.
Em meados de junho, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) confirmou estar a monitorizar um conjunto de pessoas, que comunicam em português, criado pelo EI no Telegram.
Na segunda-feira, a especialista norte-americana em contra terrorismo Rita Katz também alertou que um grupo extremista brasileiro declarou lealdade ao EI e criou um canal no Telegram.
O grupo, autodesignado Ansar al-Khilafah Brazil, destacou que "se a polícia francesa não consegue deter ataques dentro do seu território, o treino dado à polícia brasileira não servirá em nada".
Na quarta-feira, Rita Katz avisou que extremistas islâmicos publicaram no Telegram recomendações de 17 técnicas para atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos.
As técnicas citadas passam por atentados a "aeroportos e meios de transporte públicos, esfaqueamento, envenenamento, sequestro de reféns e falsas ameaças".
Lusa