Quando a tenista Maria Sharapova admitiu em março que tomava uma medicamento para o coração chamado meldonium, levantou-se um pouco do véu do que é prática corrente em competições desportivas: o "doping legal". Medicamentos prescritos por médicos, vendidos legalmente em farmácias e que melhoram a performance de atletas.
As autoridades desportivas não impuseram proibições a estas drogas legais e há muitos atletas no Rio que aproveitam o vazio legal, afirmam especialistas.
"Se não foi proibido, os atletas usam-no", garante o cientista Ronald Evans, do Laboratório norte-americano Gene Expression Laboratory, em entrevista à rádio NPR.
Meldonium é um fármaco para doenças cardíacas, mas também melhora o desempenho sexual e desportivo e foi proibido no meio desportivo desde o início do ano. Como a tenista Sharapova admitiu a utilização do medicamento em março, acabou por ser banida dos Jogos Olímpicos. Como ela foram impedidos de participar centenas de atletas, sobretudo russos.
Desde a proibição, o meldonium foi detetado em mais de 100 atletas, segundo a Agência Mundial Antidoping, mas os níveis da droga são baixos, pelo que foram autorizados a participar nestes Jogos.
Mas nem só de meldonium "vive" o doping legal. Outros medicamentos "que melhoram a circulação sanguínea, melhoram o nível de oxigénio nos músculos, logo, melhoram a performance", sublinha Ronald Evans. Todos fáceis de obter.
Outro medicamento é o telmisartan, recomendado para a pressão arterial e que, tal como o meldonium, melhora a circulação sanguínea. Foi colocado numa lista da Agência Mundial Antidoping de drogas a monitorizar, mas nunca foi proibido.
E isso significa que um atleta "tem necessariamente de considerar tomá-lo", conclui Ronald Evans.