Sophia no Panteão

Corpo de Sophia de Mello Breyner transladado no início de julho

O corpo da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, que é trasladado no dia 2 de julho para o Panteão Nacional, ficará na sala em que se encontram o general Humberto Delgado e o escritor Aquilino Ribeiro.

Panteão Nacional (Flikr/Peter Pearson)

  A diretora do Panteão Nacional, Isabel de Melo, disse à Lusa que o programa  da trasladação está a ser definido pela respetiva comissão de trabalho com  a família da poetisa, cujo corpo "ficará numa arca tumular na mesma sala  onde estão o general Humberto Delgado e o escritor Aquilino Ribeiro". 

A 2 de julho completam-se precisamente dez anos sobre a morte da autora  de, entre outras obras, "O Cristo Cigano", "Coral" e "O Búzio de Cós". 

Contactada pela Lusa, uma fonte parlamentar ligada ao processo da trasladação  do corpo da poetisa afirmou que "os detalhes do programa estão ainda a ser  estudados com a família". 

O percurso sairá do Cemitério de Carnide, em Lisboa, em direção ao Panteão  Nacional, e incluirá a passagem pela Capela do Rato, onde será celebrada  uma missa, e pela Assembleia da República. 

No Panteão Nacional, está previsto uma atuação da Companhia Nacional  de Bailado e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e José Manuel dos  Santos, diretor cultural da Fundação EDP e amigo da família da escritora,  usará da palavra na cerimónia. 

Em fevereiro último, a Assembleia da República aprovou por unanimidade  a concessão de honras de Panteão Nacional à poetisa e a criação de um grupo  de trabalho para determinar a data e o programa da trasladação. 

Na resolução aprovada, os deputados afirmaram que a trasladação é uma  forma de homenagear "a escritora universal, a mulher digna, a cidadã corajosa,  a portuguesa insigne" e evocar "o seu exemplo de fidelidade aos valores  da liberdade e da justiça". 

Sustentando a decisão da trasladação, os deputados afirmaram que para  Sophia de Mello Breyner Andresen "a intervenção política fez-se sempre por  imperativos morais e poéticos". 

A escritora foi cofundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos  Políticos, durante a ditadura, e após o 25 de Abril de 1974 foi eleita deputada  à Assembleia Constituinte nas listas do PS. 

Sophia de Mello Breyner Andresen foi condecorada em 1981 com o grau  de Grã Oficial da Ordem de Sant'Iago e Espada, em 1987, com a Grã Cruz da  Ordem do Infante D. Henrique e, no ano seguinte, com a Grã Cruz da Ordem  de Sant'Iago e Espada. 

O Prémio Rainha Sofia de Espanha, em 2003, foi o último galardão que  recebeu em vida, de uma lista de 12, iniciada em 1964, quando recebeu o  Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores pelo livro  "Canto sexto". 

Em 1977, "O nome das coisas" vale-lhe o Prémio Teixeira de Pascoaes  e, em 1984, a Associação Internacional de Críticos Literários entregou-lhe  o Prémio da Crítica pela totalidade da obra. Em 1992, voltou a ser premiada  pela totalidade da obra, desta feita, com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian  para Crianças. 

A autora escreveu para livros o público infanto-juvenil, entre outros,  "A menina do mar" (1958), "A Fada Oriana" (1958), "A noite de Natal" (1959)  e "O Cavaleiro da Dinamarca" (1964). 

Em 1999 recebeu o Prémio Camões. Na altura, na cerimónia de entrega,  o Presidente da República Jorge Sampaio salientou a "beleza tão alta e exata"  que fez da sua obra, considerando-a "uma das criações em que nos revemos  e de que nos orgulhamos". 

Lusa