Sophia no Panteão

Cerimónia de trasladação de Sophia de Mello Breyner marcada pelo silêncio e descrição

A discrição e o silêncio pautaram hoje o início da cerimónia de trasladação dos restos mortais da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, que saiu às 16:30 do Cemitério de Carnide para a Capela do Rato, em Lisboa.

Eram 16h10 quando um pelotão composto por 23 elementos da GNR se perfilava,  em veículos motorizados, à entrada do cemitério para acompanhar o cortejo  fúnebre da poetisa. 

Pouco depois, a urna com os restos mortais de Sophia de Mello Breyner  Andresen, coberta pela bandeira portuguesa, entrava no carro fúnebre, que  a levará ao Panteão Nacional. 

Eram cerca de 16h20 quando as primeiras motas da guarda de honra da  GNR saíram do Cemitério de Carnide. Pouco depois saía uma viatura onde seguia  o secretário-geral da Assembleia da República, Albino de Azevedo Soares.

Às 16h30, o carro funerário com os restos de Sophia, onde também figurava  uma pequena bandeira portuguesa, abandonou o cemitério. 

Seguiam-se dois veículos com familiares da autora, entre as quais Maria  Andresen, professora universitária e especialista na obra da mãe. 

Sem declarações à imprensa, flores ou a presença de personalidades da  vida portuguesa - exceto a vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina  Vaz Pinto, e membros do protocolo da Assembleia da República -, os restos  mortais de Sophia de Mello Breyner abandonaram Carnide, num percurso que  será feito junto ao rio, até ao Panteão Nacional, monumento que não fica  distante da casa na colina da Graça, onde viveu a poetisa.
 

A urna, contendo os restos mortais da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, coberta com a bandeira nacional, saiu da Capela do Rato em ombros de militares da GNR e foi colocada num armão militar. 

O armão militar, puxado por quatro cavalos brancos, foi ornamentado com rosas cor-de-chá e é escoltado a cavalo por militares da Guarda Nacional Republicana. O cortejo fúnebre, escoltado depois pela GNR a cavalo, seguiu para a Assembleia da República. 

O neto da poetisa, Pedro de Mello Breyner Andresen, afirmou, à saída missa, que as honras de Panteão prestadas à avó "não seriam uma ambição sua", mas que a família vê esta homenagem com "um sinal de carinho dos portugueses".

Também à saída do serviço religioso, a atriz Maria Barroso realçou a ação de Sophia de Mello Breyner no âmbito do movimento dos católicos progressistas que, antes do 25 de Abril de 1974, se reuniram na Capela do Rato. Maria Barroso referiu-se à poetisa como "uma amiga muito querida, com quem falava muito bem" e de quem tem "saudades". 

Na rua encontravam-se cerca de cinquenta pessoas, sendo notório o aparato da comunicação social. 

Sophia de Mello Breyner Andresen é a segunda mulher a ter honras de  Panteão Nacional, como forma de homenagear "a escritora universal, a mulher  digna, a cidadã corajosa, a portuguesa insigne", e de evocar o seu exemplo  de "fidelidade aos valores da liberdade e da justiça", conforme se lê no  projeto de resolução da Assembleia da República.

Com Lusa