"O comité da Maidan (praça da Independência em Kiev e epicentro das manifestações pró-europeias) resolveu na terça-feira à noite por unanimidade evacuar o Ministério da Política. Hoje, o comité está a libertar o edifício dos vândalos", afirmou à comunicação social local o partido ultranacionalista Svoboda.
Após um difícil processo de negociação entre ultranacionalistas e radicais, iniciado depois de confrontos entre os dois grupos, os elementos do movimento "Causa Justa" abandonaram o ministério e, segundo informações citadas pela agência espanhola EFE, seguiram em direção à Casa da Ucrânia, outro edifício em Kiev que foi ocupado há poucos dias pelas forças da oposição.
Cerca de duas centenas de ultranacionalistas envolveram-se em confrontos com os ocupantes radicais durante o processo de evacuação do edifício governamental, segundo relatou o canal 5 da televisão ucraniana.
Testemunhas que estavam no local asseguraram, em declarações à agência russa Interfax, de que pelo menos seis radicais ficaram feridos nos incidentes e de que um foi hospitalizado com ferimentos provocados por cinco balas de borracha.
A televisão ucraniana informou ainda que as portas e as janelas dos quatro primeiros andares do ministério ficaram destruídas e que os extintores foram retirados do edifício governamental.
O movimento radical "Causa Justa", que não alinha com os três partidos da oposição ucraniana parlamentar e que recusa qualquer negociação com as autoridades governamentais, ocupou o Ministério da Agricultura durante os violentos distúrbios ocorridos no passado dia 19 de janeiro na capital ucraniana.
O grupo também ocupou o Ministério da Justiça, mas acabou por sair de forma pacífica do edifício depois de o Governo ter ameaçado decretar o estado de emergência.
O Ministério do Interior ucraniano informou hoje entretanto que um agente da polícia, alvejado na terça-feira num parque em Kiev, morreu poucas horas depois de ter dado entrada no hospital.
O homem, de 42 anos, entrou no hospital com um ferimento de bala na zona do tronco, que danificou o coração e o diafragma. A vítima acabou por morrer durante uma intervenção cirúrgica.
O eventual assassinato deste agente da polícia, cujos contornos são desconhecidos até ao momento, ocorre em pleno ambiente de contestação antigovernamental na capital ucraniana.
A Ucrânia é palco há mais de dois meses de protestos maciços contra a decisão do Presidente Viktor Yanukovich de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo com a União Europeia e de estreitar os laços económicos com a Rússia.
Os protestos, os maiores desde a Revolução Laranja de 2004, agravaram-se em meados de janeiro depois da aprovação pelo Parlamento, a 16 de janeiro, de legislação limitando as manifestações e reforçando as sanções contra os manifestantes. Na terça-feira, os deputados aprovaram a anulação desta legislação.
Lusa