Crise na Ucrânia

EUA exortam Moscovo a "manter promessa" sobre integridade territorial da Ucrânia

O secretário de Estado norte-americano  exortou hoje a Rússia a "manter a promessa" sobre a integridade territorial  da Ucrânia, após os confrontos na Crimeia (sul) entre manifestantes pró-russos  e apoiantes das novas autoridades ucranianas.  

(EPA)
ARTUR SHVARTS

"Afirmamos claramente que todos os países devem respeitar a integridade  territorial, a soberania da Ucrânia. A Rússia disse que faria isso e pensamos  que é importante que a Rússia mantenha a promessa", afirmou John Kerry,  em declarações à estação norte-americana MSNBC.  

O chefe da diplomacia norte-americana negou ainda que Washington tenha  interferido nos assuntos internos de Kiev ou que esteja à procura de uma  "confrontação" com Moscovo na crise ucraniana. 

"Não precisamos neste momento de envolvermo-nos num conflito ao estilo  da antiga Guerra fria", garantiu Kerry. 

Durante os últimos dias, Washington tem assumido um tom apaziguador  em relação à posição russa na crise ucraniana, afirmando que não se deve  olhar para a situação como uma oposição "entre ocidente e leste, Estados  Unidos e Rússia". 

"A chave para este assunto é dar ao povo ucraniano um amplo espaço no  qual os ucranianos podem tomar decisões sobre o caminho que querem tomar",  disse o secretário de Estado norte-americano, cuja administração apoia as  aspirações europeias de uma parte do povo ucraniano. 

"Não devemos pressioná-los (...). Tentamos honrar o seu desejo de formar  um governo democrático e pluralista que rompa com a cleptocracia (sistema  político que admite a corrupção) que se vivia" naquele país, acrescentou  Kerry. 

Breves confrontos opuseram hoje manifestantes pró-russos e apoiantes  das novas autoridades ucranianas em Simferopol, a capital da república autónoma  da Crimeia. 

Mais de 5.000 pessoas concentraram-se em frente ao parlamento da Crimeia,  tártaros de um lado, em maior número, pró-russos do outro, segundo noticiou  a agência de notícias francesa, AFP. 

Os tártaros, uma comunidade local de tradição muçulmana instalada desde  o século XIII na Crimeia, deportados na Sibéria e na Ásia Central durante  a liderança de Estaline, e depois regressados à Crimeia após a queda da  União Soviética em 1991, representam hoje 12 por cento dos dois milhões  de habitantes da península. Apoiaram ativamente a contestação anti-Ianukovich  na Ucrânia. 

A Crimeia, era considerada pela União Soviética como parte da Rússia,  mas foi anexada à Ucrânia em 1954 e continua a albergar a frota naval russa  do Mar Negro na cidade portuária de Sebastopol. 

     

Lusa