Crise na Ucrânia

Rússia dá uma semana a Kiev para resolver a "questão do gás" 

A Rússia adiou para 09 de junho o seu ultimato  sobre o gás e a ameaça de uma rutura no abastecimento à Ucrânia, que inquieta  a Europa e é alvo de negociações cruciais em Bruxelas.  

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© Gleb Garanich / Reuters

Pouco antes do início das conversações na capital belga, o presidente  do gigante russo Gazprom, Alexei Miller, confirmou ter recebido um pagamento  de 786 milhões de dólares (576 milhões de euros) de Kiev, apesar de recordar  que a totalidade da dívida ucraniana ascende a 2,3 mil milhões de dólares  (1,68 mil milhões de euros) pelo gás enviado até 01 de abril.  

O grupo russo também suavizou a sua posição sobre o pagamento das entregas  após essa data, e quando o preço do gás foi fixado a um preço sem equivalente  na Europa e na sequência do agravamento da crise na Ucrânia, ao referir-se  a "progressos".  

No domingo, o primeiro-ministro ucraniano Arseni Iatseniouk, prometeu  que a Ucrânia iria reembolsar a Rússia na sua dívida do gás nos próximos  dez dias, caso os dois países chegassem hoje a acordo sobre os termos de  um novo contrato.  

Para o perito ucraniano Iuri Koroltchouk, a Ucrânia "ganhou tempo" para  que Petro Poroshenko, que será investido no cargo de Presidente da Ucrânia  em 7 de junho, possa conduzir as negociações.  

Poroshenko deve encontrar-se na quarta-feira com o Presidente norte-americano  Barack Obama, cujo apoio é crucial para a Ucrânia.  Assim, o novo chefe de Estado ucraniano poderá cruzar-se com o seu homólogo  russo durante as celebrações do desembarque aliado na Normandia em 6 de  junho, na sequência do convite do Presidente François Hollande, e mesmo  que não esteja previsto qualquer encontro, segundo o Kremlin.  

Confirmado está o encontro na Normandia entre o primeiro-ministro britânico  e Putin, para analisar a crise ucraniana e "insistir na importância de um  diálogo entre o governo russo e o novo governo ucraniano".  

A Rússia e o conflito na Ucrânia vão dominar a deslocação de Obama à  Europa nessa semana, da Polónia à Normandia para as celebrações do 6 de  junho de 1944, até à cimeira do G7 na quinta-feira, em Bruxelas. Este encontro substituiu o do G8, que deveria ter a participação da  Rússia mas foi anulado devido à crise ucraniana.  

Poroshenko poderá evocar com Obama a necessidade de uma ajuda militar  norte-americana. Na segunda-feira, e de visita a Kiev, o secretário de Estado  adjunto da Defesa dos EUA, Derek Chollet, disse ter discutido com os responsáveis  locais uma "assistência de 18 milhões de dólares (13,1 milhões de euros) e a cooperação a longo termo para reforçar as estruturas de defesa ucranianas".

Kiev e os Estados Unidos denunciam a presença de cidadãos russos, designadamente  chechenos, entre as forças rebeldes, incluindo com armas pesadas. "Há provas que a Rússia continua a permitir a livre circulação de armas,  de fundos e de combatentes através da sua fronteira", disse hoje em Washington  o secretário norte-americano das Finanças, Jacob Lew.  

No terreno, os combates estão a alastrar e com relatos de crescente  violência, em particular na região de Donetsk, com cerca de um milhão de  habitantes. De acordo com jornalistas locais citados pela agência noticiosa AFP,  o chefe de redação de um jornal regional foi raptado hoje por homens armados,  que entraram na redação do periódico.  

A Organização para a segurança e cooperação na Europa (OSCE) permanece  ainda sem informações sobre duas equipas deslocadas na região, em Donetsk  e Lougansk, e supostamente nas mãos dos separatistas.  

 

     

 

Lusa