Crise na Ucrânia

UE adota primeiras sanções económicas contra a Rússia

União Europeia adotou hoje uma importante série de sanções económicas contra a Rússia para obrigar o Presidente, Vladimir Putin, a cessar qualquer apoio às iniciativas de destabilização na Ucrânia.

Putin visado num protesto da comunidade ucraniana na Austrália
© David Gray / Reuters

"Um acordo político foi alcançado quanto ao pacote de sanções económicas"  durante uma reunião dos embaixadores dos 28 em Bruxelas em que estes analisaram  a proposta legislativa da Comissão Europeia (CE) para tornar efetivas tais  medidas restritivas, anunciou a porta-voz do serviço diplomático da UE. 

As novas medidas vão além do congelamento de bens e da proibição de  vistos utilizados até agora, impondo, em vez disso, restrições aos setores  das finanças, defesa e energia para aumentar os custos para a Rússia da  sua continuada intervenção e apoio aos separatistas pró-Moscovo na Ucrânia. 
  
Trata-se da primeira vez em que há um consenso na UE quanto à adoção  de sanções económicas contra Moscovo, conhecidas como "de fase três" e que  incluirão restrições financeiras e um embargo de armas, indicaram fontes  comunitárias citadas pela agência de notícias espanhola Efe.  
  
Os embaixadores dos Estados-membros da UE estudaram pormenorizadamente  na sua reunião "as áreas" e "os produtos" que seriam afetados pela decisão. 
  
A Comissão tinha preparado uma proposta legislativa que incluía medidas  contra a Rússia no âmbito do acesso aos mercados de capitais, da defesa,  do uso civil e militar de bens e de tecnologia de setores sensíveis, especialmente  a relacionada com o setor energético.  
  
Até agora, as sanções impostas pela UE à Rússia haviam-se centrado no  cancelamento de reuniões bilaterais, na suspensão de cooperação em determinadas  áreas e no congelamento de ativos e proibição de emissão de vistos a pessoas  e entidades consideradas responsáveis pela destabilização do leste da Ucrânia. 
  
Esta nova decisão surge um dia depois da conversa que o Presidente norte-americano,  Barack Obama, manteve com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente  francês, François Hollande, e os primeiros-ministros britânico, David Cameron,  e italiano, Matteo Renzi, para coordenar com eles a possibilidade de decretar  novas sanções contra a Rússia.  
  
Após o abate do avião comercial da Malaysia Airlines, com 298 pessoas  a bordo, que se despenhou no leste da Ucrânia, numa área controlada por  separatistas pró-russos, estes países quiseram dar à Rússia uma resposta,  já que esta continua a fornecer armas aos rebeldes, explicou, após a conversa,  o assessor adjunto de segurança nacional da Casa Branca, Tony Blinken.  
  
Depois da UE, também Washington anunciou já que irá também impor novas  sanções a Moscovo por instigar a crise na Ucrânia.  
  
"Estamos a preparar mais sanções, com a Europa", disse o secretário  de Estado norte-americano, John Kerry, à imprensa, pouco após o anúncio  por Bruxelas da adoção de novas sanções contra a Rússia.  
  
Kerry acrescentou, contudo, que o Presidente russo, Vladimir Putin,  "ainda tem a possibilidade de fazer uso da sua capacidade para influenciar  os separatistas".  
  
      
Lusa