A polícia da Nova Zelândia acusou esta segunda-feira manifestantes anti-vacinas acampados em redor do Parlamento, em Wellington, de atirarem excrementos humanos contra as forças de segurança que protegem o edifício, devido aos bloqueios nas ruas mais ruas próximas.
Duas semanas após o início do protesto, inspirados pelo “Freedom Convoy” [Comboio da Liberdade] canadiano, os manifestantes continuaram a chegar neste fim de semana a Wellington, apesar dos apelos da polícia para abandonarem o local.
O número de veículos que estão a bloquear as ruas do centro de Wellington quase duplicou desde sexta-feira, subindo hoje para 800 automóveis.
A fim de evitar a expansão do protesto, cerca de 300 polícias foram mobilizados durante a noite de domingo para impedir a instalação de bloqueios nas ruas principais.
Segundo a polícia, “um grande número de manifestantes muito barulhentos estava presente” e oito detenções foram realizadas pelas autoridades.
“Sete polícias ficaram feridos durante esta operação, variando de simples arranhões a uma lesão no tornozelo”, disse a polícia neozelandesa num comunicado, que adianta que “alguns polícias também receberam jatos de excrementos humanos”.
A polícia disse que vai “responsabilizar” os organizadores do movimento, sublinhando que tentar contaminar deliberadamente alguém pode ser punido com até 14 anos de prisão.
Até agora, a polícia interveio pouco contra esta manifestação, acreditando que qualquer tentativa de uso da força para retirar o acampamento levaria à violência.
O movimento de protesto da Nova Zelândia foi inicialmente anti-vacina, mas à medida que ganhou força, as suas exigências tornaram-se mais numerosas. Alguns manifestantes exibiram a sua filiação à extrema-direita, entoando mensagens contra o Governo e os meios de comunicação.
Nas redes sociais, circulam vídeos dos protestos e da tradicional Haka do povo Maori, junto ao Parlamento em Wellington.
A performance de intimidação, mundialmente conhecida por ser sempre executada no início dos jogos de râguebi da seleção da Nova Zelândia (All Blacks), serve agora os fins da contestação contra as medidas do Governo de combate à pandemia.
No Canadá, o movimento apelidado de “Freedom Convoy” visava inicialmente protestar contra a decisão das autoridades de exigirem, desde meados de janeiro, que os camionistas fossem vacinados para atravessar a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, mas rapidamente transformou-se num movimento contra as medidas sanitárias em geral para evitar a propagação da pandemia de covid-19 e também, para alguns, contra o Governo liderado pelo primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.
Iniciado em janeiro, centenas de camionistas e, posteriormente, manifestantes com seus automóveis particulares bloquearam e paralisaram o centro da capital canadiana, levando as autoridades locais a declararem o “estado de emergência”.
A Nova Zelândia, que tem uma população de cinco milhões, registou 53 mortes devido à covid-19 desde o início da pandemia. Hoje, 2.377 novos casos foram identificados.