"É interessante reencontrar as minhas obras outra vez ao vivo, mas fisicamente, e não apenas na memória. Por vezes foi uma surpresa" , comentou o artista, nascido em Lisboa, em 1957.
São cerca de 200 obras, provenientes de coleções públicas e privadas, e também do próprio artista. Não há trabalhos inéditos, mas alguns foram exibidos poucas vezes, segundo o autor.
Intitulada "Silvae", que significa bosques e florestas, a exposição ficará patente até 9 de janeiro de 2011 nas galerias 1 e 2 da Culturgest, instalada no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos.
João Queiroz passou a tomar o género da paisagem como quadro de referência do seu trabalho a partir de finais dos anos 1990, radicalizando a investigação sobre a pintura e o desenho como campos de construção de novos modos de perceção e de conhecimento.
"O tema mais comum no meu trabalho tem sido a paisagem e as formas de a percecionar, de constituir o objeto paisagístico no nosso olhar, e como isso se transforma na pintura e desenho" , observou.
Este interesse pela perceção tem por detrás várias razões, entre elas a formação do artista, mas, também uma vontade de "utilizar a paisagem para permitir que os espetadores reparem noutras maneiras de percecionar as coisas" .
Considera que "já que a nossa perceção está hoje em dia muito condicionada por diversos tipos de imagens, devido ao ambiente em que vivemos quotidianamente, é importante ver as coisas de outras formas, até opostas ao habitual" .
A realização da antologia é muito importante para João Queiroz porque dá-lhe "a possibilidade de rever o trabalho, que já não via há muito tempo, e de revê-lo em conjunto" .
Em 16 salas da Culturgest, durante a montagem da mostra, apresenta vários momentos e tipos de abordagem da criação das duas últimas décadas, um processo que lhe proporcionou uma oportunidade: "Fazer um balanço e saber que caminhos posso ainda explorar" .
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Lusa