"Parece um pouco irreal", disse o romancista numa conferência de imprensa na sede da sua editora, a Gallimard, em Paris, tendo evocado a memória de outros escritores franceses também distinguidos com o Nobel, como Albert Camus.
"Vêm-me memórias de infância, mesmo de Camus, devia eu ter 12 anos, e de outros. Parece-me um pouco irreal ser confrontado com pessoas que admiro", disse.
"Pergunto-me como irão explicar esta escolha. Mal posso esperar para ver quais são as razões pelas quais me escolheram", disse Modiano.
"O meu neto é sueco, eu dedico-lhe este prémio, porque é o seu país", acrescentou.
O seu editor, Antoine Galllimard, afirmou, por seu turno, que "esta é uma bela homenagem a Modiano que o Comité Nobel faz", a Patrick Modiano.
"O seu estilo amadureceu ao longo dos anos, como uma escrita a laser, onde uma única palavra pode ser um mundo inteiro", observou Galllimard.
O mais recente romance de Modiano, "Pour que tu ne te perdes pas dans le quartier", foi publicado no passado dia 02, em França, com uma edição de 60 mil exemplares, e certamente será reeditado após o Nobel, disse Gallimard.
Com esta distinção, a França lidera a lista de países com o maior número de escritores galardoados com o Nobel -- 15 -, logo seguida dos Estados Unidos com 12. Portugal - o universo de língua portuguesa - tem apenas um escritor galardoado com o Nobel, José Saramago (1922-2010), em 1998.
O Presidente francês, François Hollande, por seu lado, "felicitou calorosamente" o escritor Patrick Modiano pela distinção, segundo um comunicado hoje divulgado, citado pela AFP.
Hollande afirma que o Nobel da Literatura reconhece "uma obra que explora as subtilezas da memória e da complexidade da identidade".
Patrick Modiano é o 15.º autor francês distinguido com o Nobel da Literatura, depois de escritores como Claude Simon (1985), Jean-Paul Sartre (1964), Saint-John Pearse (1960), Albert Camus (1957), François Mauriac (1952), Andre Gide (1947) ou Roger Martin du Gard (1937).
Henri Bergson (1927), Anatole France (1921), Romain Rolland (1915), Frédéric Mistral (1904) e Sully Prudhomme (1901) são outros distinguidos de língua francesa, assim como o escritor chinês contestatário Gao Xingjian, distinguido em 2000, que obteve a nacionalidade francesa depois de se refugiar em Paris, em 1988.
O galardão será entregue a Modiano numa cerimónia em Estocolmo, a 10 de dezembro, na qual estará presente o rei da Suécia Carlos XVI.
Lusa