Trabalhos de Vhils captam atenção dos clientes da ARCO Madrid 2015
Poucos minutos no "stand" da galeria Vera Cortês na ARCO2015, a feira internacional de arte de Madrid, chegam para ver que o artista português Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils, está "em grande" entre os colecionadores.
© Rafael Marchante / Reuters
A espanhola Laura Pastor, colaboradora de Vera Cortês nesta edição da ARCO Madrid, não esconde que o trabalho de Vhils é o "grande chamariz" para as vendas deste ano. À entrada do espaço estão dois grandes quadros de Alexandre Farto, dois rostos de uma nova série chamada "Vestige". No chão, uma peça feita com cartazes de rua empilhados, colados e esculpidos na palavra "Life" (Vida).
"O Vhils é um pouco o isco para o resto dos trabalhos", conta Laura à agência Lusa, numa conversa interrompida várias vezes por potenciais clientes. Um homem aproxima-se, diz que é de Bogotá (Colômbia, o país em destaque esta ano na ARCO) e que já falou com Vera Cortês sobre uma possível aquisição de uma das obras de Alexandre Farto.
Vhils, de 28 anos, surgiu este ano na seção Arte e Estilo da lista "30 under 30" da revista norte-americana Forbes, que recordou a exposição a solo do artista "Dissecação/Dissection" no Museu da Eletricidade, em Lisboa.
A exposição, em 2014, atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. O jovem português também fez um vídeo para a banda irlandesa U2. Razões mais do que suficientes para ganhar uma projeção que agora rende na ARCO Madrid.
Além de Vhils, a galeria Vera Cortês trouxe este ano a Madrid trabalhos de Gabriela Albergaria, João Queiroz e Daniel Blaufuks, que em dezembro expôs no Museu do Chiado.
Noutro ponto da ARCO, Jorge Viegas, diretor da 3+1 Arte Contemporânea, saboreia a estreia no espaço principal da feira.
"Já tinhamos estado dois anos na secção 'opening', mas este ano estamos pela primeira vez na secção principal. Nota-se logo outra qualidade de visitantes", conta à Lusa.
A 3+1 trouxe obras da dupla Sara&André, Musa Paradisíaca, de João Ferro Martins e da argentina radicada em Lisboa Claire de Santa Coloma.
Jorge Viegas destaca que este ano - a feira está aberta apenas desde quarta-feira - "voltaram com mais força os portugueses e os espanhóis", algo que não acontecia desde o início da crise económica.
E, sobretudo, trazem outra pergunta quando chegam ao "stand": "Em que instituições estão presentes os artistas mostrados, que exposições individuais já fizeram?". "Chegam pela estética, mas depois é o lado racional, do investimento, a funcionar", explica Jorge Viegas.
Daí que o trabalho das galerias, conta o responsável, seja muitas vezes colocar estas obras em instituições de referência, uma forma de dar currículo ao artista e potenciar o preço das suas obras no futuro.
A Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea trabalha mais com fotografia (apesar de também expor pintura) e a sua diretora, Manuela Oliveira, conta à Lusa que "vender na ARCO é importante, mas tão ou mais importante é marcar uma posição".
"Já vimos a Madrid há mais de 15 anos e é uma das nossas apostas nas feiras internacionais deste ano. A outra é a Paris Photo", salienta Manuela Oliveira, enquanto apresenta o espaço à Lusa.
Expostos estão trabalhos de Daniel Blaufuks, Catarina Leitão (a artista em destaque no stand), do galego Manuel Vilariño (Prémio Nacional de fotografia de Espanha e representante do país na Bienal de Veneza), do alemão Roland Fisher, de Manuel Caeiro e de José Lourenço.
Manuela Oliveira diz que o mercado de venda de arte "esteve praticamente fechado em Portugal", especialmente a instituições, nos últimos anos. "Foi internacionalizar ou fechar", contou a responsável.
Lusa