"Pirandello" estreia quinta-feira no D. Maria II
O ator Albano Jerónimo é "Mattia Pascal", a personagem de Luigi Pirandello, numa peça que a companhia mala voadora estreia na quinta-feira, na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), em Lisboa.

Ensaio do espetáculo dirigido por Jorge Andrade a partir do romance "Ele foi Mattia Pascal" de Luigi Pirandello.
Manuel Almeida

Ensaio do espetáculo dirigido por Jorge Andrade a partir do romance "Ele foi Mattia Pascal" de Luigi Pirandello.
Manuel Almeida
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A peça, intitulada "Pirandello", é levada à cena a partir do romance "Ele foi Mattia Pascal" ("O Falecido Mattia Pascal", na edição portuguesa), de Luigi Pirandello (1867-1936), com dramaturgia de Jorge Andrade, David Cabecinha, Fernando Villas-Boas e encenação de Jorge Andrade.
"'Pirandello', um elogio da ficção, é um laboratório de meta-teatralidade em torno de um texto não-dramático do dramaturgo mais meta-teatral do século XX. Sobrepõe-se, ao abismo ficcional que caracteriza o romance, uma meta-teatralidade que não é aquela que Pirandello usa nos seus próprios textos dramáticos, mas uma outra, inventada a partir da narrativa não dramática", argumenta a mala voadora, em comunicado.
Segundo a mesma fonte, "'Pirandello' não é um espetáculo de Pirandello. Quer isto dizer: não é uma encenação de uma peça de teatro escrita por Pirandello, mas é a história de uma vida que vamos contar -- a de um homem inventado por Pirandello no livro 'Ele Foi Mattia Pascal', ou 'O Falecido Mattia Pascal'", esclarecendo em seguida que, "na verdade, não é bem essa história, mas uma parecida... Na verdade, a história que a mala voadora vai contar é a de Albano Jerónimo. O Falecido Albano Jerónimo".
Sobre a peça escreve a associação cultural: "Mattia Pascal -- ou Albano Jerónimo -- ganha uma pequena fortuna num casino e, quando regressa rico, depara-se com o seu próprio funeral", trata-se de um equívoco, que Mattia aproveita para se livrar de uma vida em que se sentia infeliz, com um mulher que não amava, um emprego mal pago, etc..
Para Mattia, ou Albano Jerónimo, num constante jogo entre realidade e ficção escolhido pelo encenador, a equivocada morte é uma oportunidade de recomeçar, escolhe um novo nome, Giovanni, um novo local e um passado que inventa, mas apercebe-se que vai contando mentira atrás de mentira, "o que na verdade é ótimo, porque é para dizer boas mentiras que a arte serve", escreve a mala voadora justificando assim a escolha deste texto do autor italiano distinguido em 1934 com o Prémio Nobel da Literatura.
"Pirandello" vai estar em cena até 04 de abril e, além de Albano Jerónimo, fazem parte do elenco Custódia Gallego, Anabela Almeida, David Cabecinha, David Pereira Bastos, Marco Paiva, Maria Ana Filipe, Mónica Garnel, Tânia Alves e Joana Costa Santos.
A composição musical é assinada por Rui Lima e Sérgio Martins e interpretada pelos alunos da Escola de Música do Conservatório Nacional.
Lusa