Cultura

"O jovem mágico", de Mário Cesariny estreia no Teatro do Bairro, em Lisboa

"O jovem mágico", de Mário Cesariny, com encenação de António Pires, estreia-se esta quarta-feira no Teatro do Bairro, um espetáculo que assinala "o regresso de António Pires aos seus princípios de um teatro coreográfico", segundo aquela sala lisboeta.

MARIA ANTUNES

A peça, com música original de Paulo Abelho e vídeo de José Budha, assinala os dez anos da morte do poeta e artista plástico, uma das principais figuras do movimento estético-literário e filosófico do surrealismo em Portugal.

O ponto de partida deste espetáculo é a ópera "polìptika de maria klophas dita mãe dos homens", também de Cesariny, segundo a mesma fonte, referindo que "este texto e outros do autor são o próprio tema do espetáculo, a rampa de lançamento das ideias que lhe estão subjacentes e que acabam por se desenrolar como a própria construção de uma narrativa (ou a tentativa dela)".

A sala localizada no Bairro Alto, no edifício do extinto Diário Popular, assinala que esta peça "é o regresso de António Pires aos seus princípios de um teatro coreográfico que recusa o naturalismo e o realismo, construindo um mundo e um tempo só possíveis em palco, onde os movimentos dos atores e a criação de quadros é uma preocupação constante".

A dramaturgia é assinada por António Pires e Hugo Mestre Amaro, e constituem o elenco os atores Maria João Luís, Cassiano Carneiro, Elias Ramos, Graciano Dias, Mário Sousa e Rafael Fonseca. Em cena está também o pianista Ricardo Nagy.

Natural de Lisboa, Mário Cesariny viajou, em 1947, para Paris, onde frequentou a Académie de la Chaumière, tendo conhecido o escritor André Breton, que se tornará decisivo na sua carreira, levando-o a iniciar nesse mesmo ano o Grupo Surrealista de Lisboa, que foi crítico do regime político vigente, a ditadura liderada por António de Oliveira Salazar, mas também opositor do movimento estético-literário e filosófico do neo-realismo, apoiado pelo Partido Comunista português, na oposição clandestina.

Do grupo surrealista faziam parte, entre outros, o encenador António Pedro, o crítico de arte José-Augusto França, o poeta Alexandre O'Neill, o gráfico e pintor Marcelino Vespeira, entre outros.

A partir de 1960, Cesariny dedicou-se essencialmente à pintura, mas, na década de 1980, a sua obra poética é redescoberta, graças ao empenho do editor Manuel Hermínio Monteiro, da Assírio & Alvim.

O artista e poeta doou o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, no Minho.

Lusa