Cultura

Os nossos contos infantis: “Ninguém” descobriu a Felicidade

Aviso: este não é um texto jornalístico. A propósito do Dia Internacional do Livro Infantil, partilhamos histórias inventadas ou recriadas por elementos da nossa redação. Para os nosso filhos, sobrinhos, enteados, irmãos... Era uma vez.

Os nossos contos infantis: “Ninguém” descobriu a Felicidade
© Juan Medina / Reuters

“Ninguém” descobriu a Felicidade

Era uma vez...

Bem meninos, vou reformular esta entrada porque está na altura de alguém mudar o início da estória.

Então vamos experimentar...

Há muito muito tempo...era eu uma criança... ups! Não pode ser porque isto é a letra de uma canção do José Cid.

Já sei: Algures, num dia indefinido...

Um belo rapaz de seu nome Ninguém saiu de casa em busca de alguém que o fizesse feliz. Andou pouco e muito, percorreu o tudo e o nada e chegou à conclusão de que o lugar mais feliz era o coração. Ninguém começou a questionar-se:

- Coração? Onde fica essa região que muitos dizem ter paixão e ser distrito da emoção?

Perguntou a todos quantos encontrou nas ruas da Nadilândia mas a resposta tardava em chegar.

Ninguém teve uma ideia:

- Se calhar vou bater à porta do Tempo para ver quanto tempo é preciso esperar para a minha resposta conseguir encontrar!

Pois bem, a casa do tempo ficava a sul da Nadilândia e para lá chegar era preciso atravessar um portal… o portal da imaginação.

Mais uma vez, o belo rapaz de seu nome Ninguém não sabia o que era nem onde ficava a imaginação.

Resolveu pôr-se a caminho, esperando encontrar uma resposta durante a viagem e ia balbuciando durante o percurso:

- Terá um arco-íris ou nuvens falantes e brincalhonas, meninos e meninas desdentados, palhaços do circo atrapalhados, girafas e elefantes enamorados ou será um deserto?

Mais uma vez, Ninguém não encontrou respostas nem o portal da imaginação mas bateu com o nariz na porta do Tempo.

- Tempo? Como é possível estar aqui se ainda não passei o portal da imaginação?

O tempo respondeu sabiamente:

- Ninguém, pensa no que pensaste a caminho da minha casa! O que fizeste foi imaginar, ou seja, criar imagens do que pensavas ser o portal da imaginação...foste criativo e original e por isso mereces saber onde fica o coração. Está perto de quem sabe ouvi-lo e tão longe de quem se perde na razão.

Ninguém exclamou:

- Ah! Tão perto e tão longe? Razão, onde fica essa região?

O tempo mergulhou numa gota de água e evaporou-se.

Ninguém olhou para o relógio parado no tempo. Continuava na Nadilândia e não tinha saído de casa. Ninguém perguntou:

- Como é possível eu estar aqui e já ter viajado tanto? Ah, já percebi! Usei a minha imaginação mas ainda não sei onde fica o coração nem a a razão! O Tempo disse que está perto de quem sabe ouvi-lo e longe de quem se perde na razão. Vou ficar em silêncio para ver se ouço alguma coisa.

Nada, nada, nada Ninguém ouviu durante muito tempo, até que, sem esperar, soou um pum-pum-pum-pum! Ninguém assustou-se e começou a correr, dizendo:

- O que é isto? O que é isto?

Levou a mão ao peito e percebeu que algo se estava a mexer dentro do seu corpo. Algo que nunca Ninguém tinha sentido. Ninguém exclamou:

- Se calhar o coração vive dentro de mim! E a razão onde viverá?

O narrador respondeu: ninguém, ninguém poderá saber por ti, tu és alguém que consegue descobrir….

Com ar de espanto, Ninguém perguntou:

- Narrador estás a cantar Marco Paulo com outra letra?

Narrador respondeu:

- Sim mas agora concentra-te!

Ninguém pensou, pensou e disse:

- Razão é a capacidade de raciocinar, de pensar, de refletir e o coração é a emoção no seu estado mais puro. Então descobri: o coração vive dentro do meu peito!

Ninguém sentou-se com as pernas “à chinês”, levou as mãos à cabeça e pensou, pensou, pensou e de repente exclamou:

- És malandra razão, sempre estiveste aqui junto à imaginação. Vives dentro da minha cabeça e não me disseste nada!

Então, Ninguém pulou de alegria e disse:

- A verdadeira felicidade está onde eu estiver porque está dentro mim!