Pensemos nestes cinco títulos de filmes: “Perdido por Cem” (1973), primeira longa-metragem de António Pedro Vasconcelos fazendo o retrato de uma juventude enredada no labirinto do começo da década de 70; “O Recado” (1971), de José Fonseca e Costa, obra nuclear do Cinema Novo com a presença emblemática de Maria Cabral; “Oxalá” (1980), de novo com assinatura de António-Pedro Vasconcelos, propondo um balanço geracional dos primeiros anos pós-25 de abril; “A Vossa Terra” (2016), uma viagem pelo trabalho do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles conduzida pela câmara de João Mário Grilo; “Tempos Difíceis” (1988), de João Botelho, recriando o romance de Charles Dickens num contexto eminentemente português [veja-se um breve extracto aqui em baixo] marcado por muitas convulsões sociais…
São cinco filmes portugueses, é verdade. Mas aquilo que, agora, os une é o facto de todos eles poderem ser conhecidos, vistos ou revistos, através de edições em DVD com chancela da Academia Portuguesa de Cinema — por esta ordem, estes são os mais recentes títulos editados na chamada “Colecção da Academia” (actualmente com 15 DVD).
Evitemos, por isso, lamentar o enfraquecimento (em algumas lojas, o desaparecimento) do DVD. De facto, como se prova, o formato continua a ser uma via interessante, disponível e acessível para mantermos uma relação atenta com o passado, mais ou menos próximo, mais ou menos distante, do cinema que se tem feito no nosso país.
Com duas componentes que importa destacar. Assim, as edições da Academia têm contado com cópias restauradas pela Cinemateca Portuguesa, mais precisamente pelo ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento). Além disso, quase todos os DVD apresentam diversos extras — nomeadamente entrevistas e curtas-metragens documentais — que ajudam a contextualizar cada um dos filmes editados. Há muito que continua a ser possível fazer para a preservação, e um melhor conhecimento, das nossas memórias cinéfilas — esta é apenas uma via, útil e pedagógica, desse labor.