A história do cinema de meados do século XX ensina-nos que algumas das variações do género de ficção científica reflectiram os medos associados à ameaça atómica e, sobretudo, à instabilidade política e militar da Guerra Fria. “O Monstro do Espaço” é um exemplo típico desse período, não porque refira directamente tais temas, antes porque nele encontramos o retrato de um grupo de humanos a lidar com qualquer “coisa” (monstruosa, como diz o título português…) que desafia os seus conhecimentos científicos.
Com data de 1955, no original teve dois títulos: “The Creeping Unknown” e “The Quatermass Xperiment”. “O Monstro do Espaço” coloca em cena uma ameaça que vem, literalmente, de outro mundo. Assim, uma nave criada pelo professor Bernard Quatermass (Brian Donlevy) regressa à terra apenas com um dos seus tripulantes: dois astronautas desapareceram e o sobrevivente parece incapaz de comunicar…
Escusado será dizer que a figuração da ameaça monstruosa nada tem que ver com aquilo que vemos em filmes actuais de ficção científica, sejam eles muito bons ou muito maus. De qualquer modo, vale a pena recordar que estamos perante uma produção feita há quase 70 anos: os efeitos visuais que utiliza eram, de facto, inovadores e surpreendentes na sua época.
Aliás, “O Monstro do Espaço” é também um esclarecedor exemplo de um tipo de produção de escassos recursos (“Série B”), normalmente executada com tempos de rodagem muito curtos. O realizador Val Guest (1911-2006) foi um especialista desse domínio, primeiro em Inglaterra, depois no interior da máquina industrial de Hollywood — a sua herança envolve, de uma só vez, a imaginação da aventura e a agilidade da fabricação.