Cultura

Sessão de Cinema: “Aftersun”

Frankie Corio e Paul Mescal: duas gerações, dois intérpretes brilhantes, um filme magnífico
Frankie Corio e Paul Mescal: duas gerações, dois intérpretes brilhantes, um filme magnífico

Foi uma das mais belas revelações da produção cinematográfica de 2022, além do mais revelando Charlotte Wells, cineasta escocesa a estrear-se na longa metragem.

No balanço cinematográfico de 2022, a produção britânica “Aftersun” ficou como uma das mais belas revelações do ano - já está disponível em streaming. Desde logo porque, ao obter uma nomeação para o Óscar, o seu actor principal, o irlandês Paul Mescal, se impôs como uma das estrelas em ascensão no panorama da grande produção internacional - tínhamo-lo visto, por exemplo, na excelente série “Normal People”, da BBC. Depois porque a respetiva realizadora, a escocesa Charlotte Wells, estreante na longa-metragem, surgiu como um genuíno talento, capaz de refazer a herança de um cinema intimista e melodramático.

A estes nomes importa acrescentar o de Frankie Corio, jovem actriz escocesa (nascida em Livingston, em 2010) que é, afinal, presença nuclear na teia emocional de “Aftersun”. É ela que interpreta a jovem Sophie, em férias com o pai (Mescal), por assim dizer vivendo as falhas de uma relação sempre vivida à distância…

Provavelmente, esta é uma sinopse que poderia ser aplicada a situações de filmes muito diversos. Acontece que, neste caso, estamos perante um olhar verdadeiramente original que, para lá da metódica direção dos intérpretes, sabe colocar em cena os elementos mais subtis que podem sustentar (ou desagregar) uma relação familiar.

As imagens que Sophie vai registando com a sua câmara de vídeo são um espelho, inesperado e ambíguo, da relação com o pai — uma relação em que proximidade e desconhecimento parecem entrelaçar-se de forma insólita, ora dramática, ora irónica. Em resumo: “Aftersun” é um belo objeto de cinema, afinal mostrando também que com pequenos meios de produção se podem fazer grandes filmes.

Filmin