Cultura

Sessão de Cinema: “Equilíbrio Instável”

Paul Scofield e Katharine Hepburn: actores excepcionais para uma recriação exemplar da peça de Edward Albee
Paul Scofield e Katharine Hepburn: actores excepcionais para uma recriação exemplar da peça de Edward Albee

Adaptando a peça de Edward Albee, este é um magnífico exemplo de um cinema capaz de recriar a complexidade de um grande texto teatral, devidamente apoiado num elenco de luxo.

Ao longo das décadas de 1960/70, sobretudo no Reino Unido e nos EUA, várias produções de palco deram origens a filmes (ou telefilmes) que desempenharam um papel importante na divulgação de grandes textos teatrais. Assim aconteceu, por exemplo, com a série de The American Film Theatre surgida ao longo da primeira metade dos anos 70. "Equilíbrio Instável" (1973), adaptando a peça homónima do americano Edward Albee (1928-2016), agora disponível em streaming, é um belo exemplo de tal projecto — veja-se o video do respectivo "making of", centrado numa entrevista com Albee.


Realizado por Tony Richardson (1928-1991), um dos nomes emblemáticos da "nova vaga" do cinema inglês, o filme não esconde as suas raízes teatrais, nomeadamente na concepção dos cenários. Em todo o caso, prevalece uma sensação de intimidade, dir-se-ia uma "música de câmara", resultante de uma sóbria encenação cinematográfca que, ao valorizar o texto de Albee, se apoia sobretudo na qualidade invulgar do elenco — foi o próprio Albee que assinou a adaptação da sua peça ao cinema, peça que tinha sido consagrada com o Prémio Pulitzer de drama, em 1966.

Assim, os intérpretes são essenciais na definição da crescente tensão dramática que caracteriza o processo de desagregação emocional de Agnes e Tobias, um casal do Connecticut, subitamente afectada pelas atribulações da vida da sua filha…

Katharine Hepburn e Paul Scofield são esse casal, com Lee Remick a assumir o papel da filha. Kate Reid interpreta a irmã alcoólica de Agnes, sendo Joseph Cotten e Betsy Blair um casal de visita, dir-se-ia fugindo do assombramento que sentem na sua própria casa… Já todos falecidos, é através deles que deparamos com este estudo na natureza humana em que todas as palavras — e também todos os silêncios — possui um peso emocional específico, perturbante e, mais do que isso, envolvente.

Filmin

Últimas Notícias