Cultura

De Beyoncé a Taylor Swift, as grandes estrelas que movimentam as economias. Será assim?

Os analistas ponderam se os elevados preços que os fãs estão dispostos a pagar para verem os seus artistas preferidos terá um efeito subsequente na economia.

De Beyoncé a Taylor Swift, as grandes estrelas que movimentam as economias. Será assim?
AP

Os grandes espetáculos, com artistas famosos como Beyoncé e Taylor Swift - que não fazem digressões há anos - têm exigido mais da carteira do público. Alguns economistas até apelidam este fenómeno de “funflation”. Os analistas ponderam se os elevados preços que os fãs estão dispostos a pagar para verem os seus artistas preferidos, terá um efeito subsequente na economia.

Beyoncé

Uma das artistas mais conhecida do mundo, Beyoncé, anunciou a digressão mundial “Reinassance” sete anos depois da última tour e gerou automaticamente uma corrida desenfreada às bilheteiras.

Na Suécia verificou-se que a taxa de inflação retrocedeu para 9,7% no mês de maio, apesar dos mercados financeiros terem estimado o valor de 9,4%.

O economista do Danske Bank, Michael Grahn, disse à BBC que o sucesso de Beyoncé ajudou a impulsionar o turismo, mas também pode ter sido a força por trás do aumento inesperado nos preços de recreação e cultura.

Para uma estrela ter tal impacto é "muito raro", disse o economista à BBC, acrescentando que grandes eventos desportivos, como futebol, podem ter um efeito semelhante.

Em contrapartida, o editor executivo da Pollstar - uma publicação para a indústria musical - Andy Gensler, indica que é “ridículo” afirmar que os espetáculos de Beyoncé afetariam a inflação de um país.

Taylor Swift

A digressão "The Eras Tour" de Taylor Swift pode gerar 5 biliões de dólares (cerca de 4,6 mil milhões de euros) para a economia dos EUA, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) de 50 países. Isto tendo em conta que cada espectador, em média, poderá gastar 1.300 dólares (perto de 1.200 euros), de acordo com o site QuestionPro.

Embora o peso financeiro da base de fãs exercido por Swifties e BeyHive seja impressionante, não há nada de novo sobre os sucessos de bilheteira que movem os mercados.

The Beatles

Aparentemente, os Beatles ajudaram a economia britânica em 1964.

Um relatório do Fundo Monetário Internacional de 2014 mostra como a fixação de taxas de câmbio internacionais, por meio do sistema de Bretton Woods, em 1944, deixou o Reino Unido com um desequilíbrio persistentemente negativo entre importações e exportações. Posto isto, o país estaria em risco de uma queda económica.

Porém, a famosa banda Beatles seguiu ao auxílio do país. Com espetáculos marcados no Reino Unido, entraram dólares, marcos alemães e ienes, derivados de vendas internacionais de bilhetes. Assim sendo, a receita dos bilhetes que, em parte, reverteram para o Estado, ajudou a evitar um cenário económico gravoso.

A “Beatlemania” ainda vale cerca de 82 milhões de libras (cerca de 95 milhões de euros) por ano para a economia de Liverpool e mantém mais de 2.000 empregos.

Ed Sheeran

O conselho de Ipswich, no Reino Unido, atribuiu aos espetáculos de boas-vindas do compositor de Suffolk, Ed Sheeran, uma injeção de 9 milhões de libras (10 milhões de euros) na economia da cidade. Uma pesquisa da National Arenas Association confirma isso, sugerindo que para cada 10.000 visitantes de espetáculo, 1 milhão de libras (1,1 milhão de euros) é injetado na economia local.

K-pop

K-Pop tem sido um fenómeno global contagiante. E a nível nacional tem ajudado a impulsionar a economia sul-coreana virada para as exportações.

Este fenómeno vale 10 biliões de dólares (cerca de 9 mil milhões de euros) para a economia da Coreia do Sul. Em 2018, o Hyundai Research Institute (HRI) informou que somente a banda BTS representava cerca de 3,54 biliões de dólares (3,25 mil milhões de euros).

Coldplay em Coimbra

Por cá, os quatro concertos dos Coldplay, que decorreram em Coimbra no mês de maio, geraram um retorno económico direto de 36 milhões de euros.