João Lopes

Comentador SIC Notícias

Cultura

Sessão de Cinema: “O Leão no Inverno”

Em finais da década de 1960, numa altura em que o chamado “filme histórico” já não pontuava as grandes opções de Hollywood, este filme com Katharine Hepburn e Peter O’Toole foi uma excepção que confirmou a regra.

Katharine Hepburn e Peter O'Toole: dois monstros sagrados do cinema de língua inglesa
Katharine Hepburn e Peter O'Toole: dois monstros sagrados do cinema de língua inglesa

Quando se recordam os Óscares referentes à produção de 1968, logo emerge um destaque muito especial: Barbra Streisand estreava-se no cinema com “Funny Girl”, sob a direcção de William Wyler, e ganhava a sua primeira estatueta dourada! Enfim, não será desvalorizar a sua performance, mas convém recordar que este foi um daqueles casos de distinções “ex-aequo”: Katharine Hepburn foi também premiada na categoria de melhor actriz, pela sua composição de Eleanor de Aquitânia em “O Leão no Inverno”, realizado por Anthony Harvey. Aliás, o filme teve mais dois vencedores: James Goldman e John Barry, respectivamente nas categorias de argumento adaptado e música — o Óscar de melhor filme do ano foi para “Oliver!”, de Carol Reed.

Dir-se-ia que um certo esquecimento a que quase sempre foi votado “O Leão no Inverno” decorre do facto de, na altura, o chamado “filme histórico” já não ser um género dominante — entre os grandes sucessos do ano estavam, por exemplo, o policial “Bullitt”, de Peter Yates, e essa experiência singular que era (e continua a ser) “2001: Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick.

A personagem de Katharine Hepburn é a mulher de Henrique II de Inglaterra, interpretado por Peter O’Toole: a sucessão do trono de Inglaterra vai gerar uma avalanche de conflitos — que são, antes do mais, intrigas da corte — alimentados ou, pelo menos, protagonizados pelos três filhos do rei. De forma académica, mas muito competente, a direcção de Anthony Harvey sabe, mais que tudo, rentabilizar em termos dramáticos as tensões afectivas entre as personagens, nessa medida valorizando o trabalho de um excelente elenco.

Vale a pena lembrar que, nesse elenco, estavam dois nomes já com importantes carreiras nos palcos, embora virtualmente desconhecidos no mundo do cinema: Anthony Hopkins e aquele que seria um dos futuros intérpretes de James Bond, Timothy Dalton. Sem esquecer que Katharine Hepburn arrebatava aqui o terceiro dos seus quatro Óscares — mais de meio século depois, continua a ser a única pessoa que recebeu quatro estatuetas douradas nas categorias de interpretação.

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