Susanne Bier, dinamarquesa, nascida em 1960, não será um nome muito conhecido do público geral, mas é um facto que um dos seus títulos, “Num Mundo Melhor”, ganhou o Óscar de melhor filme em língua estrangeira. Também consagrado nos Prémios do Cinema Europeu, trata-se de uma produção de 2010, com participações da Dinamarca e da Suécia, integrando no seu elenco nomes tão talentosos como Mikael Persbrandt e Trine Dyrholm (porventura a mais internacional das atrizes dinamarquesas).
Persbrandt e Dyrholm interpretam Anton e Marianne, um casal que parece muito perto da separação. Anton é um médico que trabalha, sobretudo, em contextos de agudas crises humanitárias, nomeadamente no Sudão, num campo de refugiados.
Entre o cenário profissional de Anton e o espaço familiar em que Marianne o aguarda, estabelece-se um ziguezague que, em boa verdade, ninguém parece compreender ou controlar. Ao enfrentarem os dramas da sua existência comum, Anton e Marianne sabem também que qualquer território mais íntimo nunca está fechado, uma vez que existe também exposto às convulsões do mundo à sua/nossa volta.
A eficácia emocional de “Num Mundo Melhor” nasce, assim, da tensão entre diferentes lugares, unidos e separados pelas histórias particulares das personagens. Daí também o saldo afetivo do filme: o seu ceticismo perante os brutais desequilíbrios do nosso planeta não exclui, antes reforça, a energia de um discurso humanista que, apesar de tudo, não perdeu a esperança.