Cultura

Eurovisão em risco? Vários países ameaçam boicotar edição de 2026, incluindo um dos "Big Five"

Vários países europeus ameaçam não participar no Festival Eurovisão da Canção de 2026 caso Israel não seja excluído. Esta posição surge na sequência da invasão israelita da Faixa de Gaza e do conflito em curso.

Yuval Raphael, representante de Israel, durante a Grande Final da 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, na cerimónia de abertura, a 17 de maio de 2025, na St. Jakobshalle, em Basileia, Suíça.
Yuval Raphael, representante de Israel, durante a Grande Final da 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, na cerimónia de abertura, a 17 de maio de 2025, na St. Jakobshalle, em Basileia, Suíça.
Sebastian Reuter / GETTY IMAGES

A participação de Israel no Festival da Eurovisão da Canção continua a gerar polémica, devido à invasão israelita na Faixa de Gaza, mas também depois do país ter alcançado o segundo lugar este ano, em maio, com a canção New Day Will Rise, interpretada pela jovem Yuval Raphael. Esta semana, vários países europeus lançaram um aviso à organização relativamente à sua participação na edição de 2026.

A mensagem é clara: se Israel não for excluído do Festival da Eurovisão da Canção, países como Espanha, Irlanda, Países Baixos, Eslovénia e Islândia ameaçam não participar na edição do próximo ano.

Tudo começou com as declarações do ministro da Cultura espanhol ao programa “La Hora De La 1”, da TVE. Ernest Urtasun afirmou que a participação de Israel não é aceitável, acusando o país de ter um "governo genocida", devido ao conflito que já causou a morte de milhares de pessoas: “Se não excluirmos Israel, teremos de tomar medidas."

Recorde-se que Espanha faz parte do conhecido grupo dos "Big Five", que inclui cinco países - Reino Unido, Alemanha, Espanha, França e Itália - que têm acesso direto à final do Festival Eurovisão da Canção.

Na mesma linha de indignação, a Irlanda também anunciou a intenção de se retirar do Festival da Eurovisão, revelou a RTÉ, televisão pública irlandesa, em comunicado.

Seguiram-se os Países Baixos, cuja emissora pública AVROTROS adotou a mesma posição, afirmando que "já não pode justificar a participação de Israel na situação atual, face ao severo e contínuo sofrimento humano em Gaza". A emissora expressou ainda profunda preocupação com a forte ameaça à liberdade de imprensa.

A RTVSLO, da Eslovénia, e a RÚV, da Islândia, segundo a imprensa local, também indicaram que a sua participação é “incerta”.

Festival da Eurovisão da Canção já reagiu

Martin Green, diretor do Festival Eurovisão da Canção, disse à AFP que cada país da União Europeia de Radiodifusão (EBU) pode decidir livremente se quer participar no concurso, e essa decisão será respeitada, reconhecendo as preocupações relacionadas com o conflito no Médio Oriente.

Recorda que as emissoras têm até meados de dezembro para confirmar a sua participação na edição do próximo ano, em Viena.