Em finais da década de 1920, a introdução do som nos filmes mudou de forma radical o panorama global do cinema, das estruturas de produção às salas, passando, claro, pelas componentes artísticas. No mapa de Hollywood, em termos simbólicos, 1939 costuma ser citado como o ano em que tudo isso desembocou, com alguns títulos excepcionais que ajudaram a consolidar toda uma nova linguagem — imagens & sons.
Um dos títulos marcantes de 1939, “O Feiticeiro de Oz”, dirigido por Victor Fleming, é também o de consagração de uma jovem estrela no firmamento da “fábrica de sonhos”: Judy Garland (1922-1969). É ela a inesquecível Dorothy que, com os seus três companheiros — o Leão (Bert Lahr), o Espantalho (Ray Bolger) e o Homem de Lata (Jack Haley) — faz uma viagem de pura fantasia para encontrar o misterioso feiticeiro que lidera o reino de Oz…
Baseado no livro “The Wonderful Wizard of Oz”, de L. Frank Baum, este é, obviamente, um filme de invulgar riqueza sonora: a canção “Over the Rainbow”, interpretada por Judy Garland , tornou-se mesmo um clássico absoluto da história e da mitologia cinematográfica — e as suas imagens em sépia servem de contraponto à exuberância das cores das paisagens de Oz. Nesse aspecto, importa não esquecer que assistimos aqui à definitiva depuração do sistema Technicolor (também utilizado noutra grande produção de 1939: “E Tudo o Vento Levou”).
Num tempo como o nosso em que se fala tanto das proezas das novas tecnologias (por vezes ao serviço de filmes profundamente convencionais…), vale a pena sublinhar que “O Feiticeiro de Oz” foi, de facto, um momento genuinamente revolucionário na história do grande espectáculo. É um dos títulos de culto da idade de ouro de Hollywood que, agora, podemos encontrar em streaming.