Desporto

Assembleia Municipal de Leiria autoriza Câmara a vender estádio palco do Euro  2004 

A Assembleia Municipal de Leiria autorizou  terça-feira, por maioria, a Câmara a vender o estádio Magalhães Pessoa,  um dos palcos do Campeonato Europeu de Futebol 2004, pelo valor de 63 milhões  de euros. 

A deliberação permite ao município alienar três de quatro frações do  estádio: parte do topo norte (área inacabada do estádio), o estacionamento,  de 450 lugares, com estes dois espaços avaliados em 24 milhões de euros,  e o campo de futebol e respetivas bancadas. 

Para a autarquia fica reservada a quarta fração, um espaço de cerca  de dois mil metros quadrados no topo norte para reinstalar o centro associativo. A decisão, que teve 12 votos contra, cinco abstenções e a recusa de  um deputado em votar, suscitou críticas de deputados do PSD, CDS-PP, CDU  e BE. 

Carlos Guerra, da CDU, afirmou que dado que a propriedade do estádio  e do topo norte pertencem à Leirisport, empresa municipal que gere as infraestruturas  desportivas e de lazer do município, a assembleia está "legalmente" impedida  de "poder decidir sobre este assunto deste modo". 

Por outro lado, Carlos Guerra explicou que o estádio é um edifício de  interesse municipal, "está isento de IMI e a sua hipotética transação estaria  isenta de IMT", sendo que "todos os atos decorrentes da transação e a eventual  contração de empréstimos com vista à sua aquisição estaria isenta de quaisquer  emolumentos registrais e notariais". Considerou ser este "um grande negócio privado, sem dúvida, mas uma  calamidade para os cofres municipais", questionando: "Quanto é que isso  custará ao município em perda de receitas?". 

Vítor Lourenço (PSD) questionou o presidente da Câmara se o município  "pode decidir vender património que não é seu", entendendo que a alienação  parcial do estádio deveria ser antecedida de uma assembleia geral da Leirisport  ou de um contrato de mandato da empresa municipal à autarquia. 

Sustentando que a "deliberação da Câmara é ilegal e de efeito nulo",  Vítor Lourenço pediu "um processo renovado com a legalidade cumprida", que  incluísse apenas a venda do topo norte, com a qual, disse, todos os partidos  concordam.  Já José Peixoto (BE) recordou que o partido defendeu há sete anos a  implosão do estádio. "Este estádio é muito caro, custou 83,2 milhões de euros, 277 por cento  a mais do que o que estava previsto", declarou José Peixoto, referindo que  "a este montante acresce ainda o custo anual dos empréstimos a que a Câmara  de Leiria foi obrigada a contrair para financiamento do estádio, na ordem  dos 53 milhões de euros". 

Domingos Carvalho (CDS-PP) acusou a autarquia de conduzir esta alienação  "muito mal", enquanto António Sequeira (PS) advertiu que os empréstimos  do estádio custaram o ano passado 1,8 milhões de euros em juros, podendo  atingir 2,5 milhões de euros no próximo ano. "Por isso se entende porque é que a Câmara, contra a sua vontade, teve  que propor uma medida tão drástica como esta", salientou. 

O presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, reiterou que "o estádio  é o causador da situação financeira da Câmara" e salientou que, sobre a  suposta ilegalidade levantada pela oposição, "a propriedade do terreno onde  está o estádio é da Câmara", que preside à assembleia-geral da Leirisport.

 

     

 

Lusa